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ENTREVISTA
Lazinho quer retomar o trabalho de 39 anos Suspeito é tido como "lenda" em Campinas
Marcos Peron - 19.nov.99/Folha Imagem
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O investigador Lazinho, em depoimento à CPI em Campinas |
SORAYA AGÉGE
Editora da Folha Campinas
O policial mais polêmico de
Campinas quer voltar ao trabalho, depois de passar 30 dias preso sob suspeita de envolvimento
com o narcotráfico. Ontem, oito
horas antes de ser solto, Lazinho,
como é conhecido o investigador
Antônio Lázaro Constâncio, falou com a Folha.
O policial ressaltou que no dia
em que foi preso, após depor à
CPI, no Fórum de Campinas,
disse que sempre acreditou e trabalhou para a Justiça. "Hoje, repito essa afirmação. Se eu não
confiasse na Justiça, poderia ter
me aposentado há 10 anos." Essa
confiança é justificada agora,
com a negativa para o pedido de
prorrogação da sua prisão.
A negativa foi assinada pelo
juiz Paulo de Almeida Sorci na
última sexta-feira. A prisão temporária, pedida pela CPI do Narcotráfico em Campinas, venceria
à 0h de hoje. Ele foi acusado de
formação de quadrilha, corrupção e prevaricação.
Lazinho trabalha na polícia há
39 anos. Ele se tornou a maior
lenda policial da cidade e é conhecido em toda a periferia e pela classe alta da cidade ora como
vilão, às vezes como herói.
Ele trabalhou na repressão do
regime militar e até hoje tem desafetos por causa disso, embora
sempre justifique que foi obrigado. Ao mesmo tempo, é admirado pela abnegação ao trabalho.
Lazinho tem um arquivo pessoal
com fichas e fotos de pelo menos
40 mil suspeitos.
Prendeu assaltantes conhecidos como Luiz Carlos do Valle e
Idelmax Rita. Para isso, se disfarçou de gari durante 15 dias. Mais
recentemente ajudou na solução
do sequestro de Wellington Camargo, irmão da dupla sertaneja
Zezé di Camargo & Luciano.
Leia, a seguir, trechos da entrevista.
Folha - O que o senhor vai fazer logo que sair da cadeia?
Lazinho - Vou para minha casa, junto da minha família. Eu
não permiti que eles viessem me
visitar nesse lugar para não ficarem tristes. Vou tirar férias acumuladas (fiquei 21 anos sem),
vou refletir sobre tudo o que
aconteceu e reorganizar minhas
idéias.
Folha - Alguns amigos seus
consideram que a CPI não lhe
deu chances de defesa. O senhor pretende tomar alguma
medida jurídica?
Lazinho - Eu respeito a imprensa, mas só me pronunciarei
sobre isso no momento oportuno. Não quero fazer comentários.
Folha - O senhor voltará a
atuar agora que estará livre?
Lazinho - Assim que terminar
minhas férias.
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