Campinas, Segunda-feira, 20 de Dezembro de 1999


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ENTREVISTA
Lazinho quer retomar o trabalho de 39 anos Suspeito é tido como "lenda" em Campinas

Marcos Peron - 19.nov.99/Folha Imagem
O investigador Lazinho, em depoimento à CPI em Campinas


SORAYA AGÉGE
Editora da Folha Campinas

O policial mais polêmico de Campinas quer voltar ao trabalho, depois de passar 30 dias preso sob suspeita de envolvimento com o narcotráfico. Ontem, oito horas antes de ser solto, Lazinho, como é conhecido o investigador Antônio Lázaro Constâncio, falou com a Folha.
O policial ressaltou que no dia em que foi preso, após depor à CPI, no Fórum de Campinas, disse que sempre acreditou e trabalhou para a Justiça. "Hoje, repito essa afirmação. Se eu não confiasse na Justiça, poderia ter me aposentado há 10 anos." Essa confiança é justificada agora, com a negativa para o pedido de prorrogação da sua prisão.
A negativa foi assinada pelo juiz Paulo de Almeida Sorci na última sexta-feira. A prisão temporária, pedida pela CPI do Narcotráfico em Campinas, venceria à 0h de hoje. Ele foi acusado de formação de quadrilha, corrupção e prevaricação.
Lazinho trabalha na polícia há 39 anos. Ele se tornou a maior lenda policial da cidade e é conhecido em toda a periferia e pela classe alta da cidade ora como vilão, às vezes como herói.
Ele trabalhou na repressão do regime militar e até hoje tem desafetos por causa disso, embora sempre justifique que foi obrigado. Ao mesmo tempo, é admirado pela abnegação ao trabalho. Lazinho tem um arquivo pessoal com fichas e fotos de pelo menos 40 mil suspeitos.
Prendeu assaltantes conhecidos como Luiz Carlos do Valle e Idelmax Rita. Para isso, se disfarçou de gari durante 15 dias. Mais recentemente ajudou na solução do sequestro de Wellington Camargo, irmão da dupla sertaneja Zezé di Camargo & Luciano.
Leia, a seguir, trechos da entrevista.

Folha - O que o senhor vai fazer logo que sair da cadeia?
Lazinho -
Vou para minha casa, junto da minha família. Eu não permiti que eles viessem me visitar nesse lugar para não ficarem tristes. Vou tirar férias acumuladas (fiquei 21 anos sem), vou refletir sobre tudo o que aconteceu e reorganizar minhas idéias.

Folha - Alguns amigos seus consideram que a CPI não lhe deu chances de defesa. O senhor pretende tomar alguma medida jurídica?
Lazinho -
Eu respeito a imprensa, mas só me pronunciarei sobre isso no momento oportuno. Não quero fazer comentários.

Folha - O senhor voltará a atuar agora que estará livre?
Lazinho -
Assim que terminar minhas férias.


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