Campinas, Domingo, 20 de Maio de 2001

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ECONOMIA
Massa falida da empresa está avaliada em R$ 20 mi
Gurgel vai a leilão na quarta-feira em Rio Claro, cinco anos após falir

DA FOLHA CAMPINAS

A GurgeL Motores S.A., a única fábrica de automóveis 100% brasileira da história, vai a leilão na próxima quarta-feira, cinco anos após sua falência.
Com um patrimônio de massa falida avaliado em R$ 20 milhões, a Justiça de Rio Claro (76 km de Campinas) realiza o leilão, que marca o início da fase final de falência do audacioso projeto do empresário João Augusto Conrado do Amaral Gurgel. O patrimônio do grupo chegou a ser avaliado em R$ 200 milhões.
O síndico da massa falida, Jaime Marangoni, disse que a dívida trabalhista deixada consumirá 70% do valor patrimonial.
"Existem dívidas também com credores e com o Fisco que podem chegar a R$ 70 milhões", afirmou.
Marangoni declarou também acreditar que seja necessário um novo leilão, pois pedidos de impugnação podem ser apresentados.
Falida desde 96, a demora no processo de falência fez com que o imóvel e os equipamentos guardados fossem alvos de furtos e começassem a ser danificados.
O prédio, que fica na rodovia Washington Luís, está trancado e guarda máquinas e ferramentas, além das últimas carcaças de seus veículos.
Em seus 26 anos de funcionamento a Gurgel colocou no mercado 40 mil veículos. Hoje, quase 40 carcaças estão na linha de montagem parada dentro do prédio abandonado.
Em seu auge de produção, no final da década de 80, a Gurgel chegou a ter 70 concessionárias espalhadas pelo país e produzia até mil carros por mês.
Hoje são poucas as revendas de peças ou oficinas que atendem carros da Gurgel.
Apesar de não ter decolado, o projeto do empresário Amaral Gurgel de criação de um veículo popular autenticamente brasileiro deu certo. Prova disso é a permanência na rua dos carros feitos de fibra e peças brasileiras.
Surgida em 1969, foi só em 86 que a Gurgel atingiu sua maior produção e conquistou notoriedade.
A falência da Gurgel é atribuída pela família ao rompimento de um protocolo de intenções assinado com os governos de São Paulo e Ceará em 91.
Segundo as acusações da família, os governos não teriam honrado o compromisso de "apoio irrestrito" ao Projeto Delta.
Tal projeto consistia na instalação de uma fábrica em Fortaleza (CE) para a produção da parte motriz dos veículos, que atuaria em conjunto com a unidade de Rio Claro, responsável pela produção das carrocerias.
Endividado, o empresário Amaral Gurgel viu na última década sua empresa sofrer duas falências, uma anulada em 94, e outra definitiva em 96.
"O fato de a fábrica da Gurgel, única produtora de carros totalmente nacionais ser de Rio Claro sempre foi um orgulho para a gente", disse o ex-funcionário Luiz Antônio Bortolim, 40. (RICARDO BRANDT)


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