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ECONOMIA
Massa falida da empresa está avaliada em R$ 20 mi
Gurgel vai a leilão na quarta-feira em Rio Claro, cinco anos após falir
DA FOLHA CAMPINAS
A GurgeL Motores S.A., a única
fábrica de automóveis 100% brasileira da história, vai a leilão na
próxima quarta-feira, cinco anos
após sua falência.
Com um patrimônio de massa
falida avaliado em R$ 20 milhões,
a Justiça de Rio Claro (76 km de
Campinas) realiza o leilão, que
marca o início da fase final de falência do audacioso projeto do
empresário João Augusto Conrado do Amaral Gurgel. O patrimônio do grupo chegou a ser avaliado em R$ 200 milhões.
O síndico da massa falida, Jaime
Marangoni, disse que a dívida trabalhista deixada consumirá 70%
do valor patrimonial.
"Existem dívidas também com
credores e com o Fisco que podem chegar a R$ 70 milhões",
afirmou.
Marangoni declarou também
acreditar que seja necessário um
novo leilão, pois pedidos de impugnação podem ser apresentados.
Falida desde 96, a demora no
processo de falência fez com que
o imóvel e os equipamentos guardados fossem alvos de furtos e começassem a ser danificados.
O prédio, que fica na rodovia
Washington Luís, está trancado e
guarda máquinas e ferramentas,
além das últimas carcaças de seus
veículos.
Em seus 26 anos de funcionamento a Gurgel colocou no mercado 40 mil veículos. Hoje, quase
40 carcaças estão na linha de
montagem parada dentro do prédio abandonado.
Em seu auge de produção, no final da década de 80, a Gurgel chegou a ter 70 concessionárias espalhadas pelo país e produzia até mil
carros por mês.
Hoje são poucas as revendas de
peças ou oficinas que atendem
carros da Gurgel.
Apesar de não ter decolado, o
projeto do empresário Amaral
Gurgel de criação de um veículo
popular autenticamente brasileiro deu certo. Prova disso é a permanência na rua dos carros feitos
de fibra e peças brasileiras.
Surgida em 1969, foi só em 86
que a Gurgel atingiu sua maior
produção e conquistou notoriedade.
A falência da Gurgel é atribuída
pela família ao rompimento de
um protocolo de intenções assinado com os governos de São
Paulo e Ceará em 91.
Segundo as acusações da família, os governos não teriam honrado o compromisso de "apoio irrestrito" ao Projeto Delta.
Tal projeto consistia na instalação de uma fábrica em Fortaleza
(CE) para a produção da parte
motriz dos veículos, que atuaria
em conjunto com a unidade de
Rio Claro, responsável pela produção das carrocerias.
Endividado, o empresário
Amaral Gurgel viu na última década sua empresa sofrer duas falências, uma anulada em 94, e outra definitiva em 96.
"O fato de a fábrica da Gurgel,
única produtora de carros totalmente nacionais ser de Rio Claro
sempre foi um orgulho para a
gente", disse o ex-funcionário
Luiz Antônio Bortolim, 40.
(RICARDO BRANDT)
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