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NO ESCURO 2
Como no início do século passado, as 150 famílias do bairro Três Pontes convivem com a falta de energia há três anos
Bairro de Sumaré vive apagão constante
DA FOLHA CAMPINAS
Os moradores do bairro Três
Pontes, na periferia de Sumaré
(26 km de Campinas), convivem
com um apagão forçado.
As 150 famílias que ocupam o
bairro não sabem o que é claridade depois das 18h e vivenciam a
falta de energia elétrica há, no mínimo, três anos.
Para terem acesso à luz artificial,
os moradores recorrem a mecanismos que remontam o início do
século passado.
As casas do Três Pontes são iluminadas com lampiões a gás. A
TV e o rádio só funcionam com
bateria. Quem se arrisca a manter
uma geladeira tem de abastecê-la
com barras de gelo para conservar frescos os alimentos.
"Frequentemente, aparecem
cobras por aqui", reclama o ajudante de pedreiro Paulo Pereira
da Silva, 34.
Para ele, a vida sem energia elétrica é monótona e impõe medo
aos moradores do bairro.
"Não dá para sair à noite porque
as ruas são totalmente escuras",
disse Silva, que se diverte em uma
mesa de bilhar sob a luz escassa de
um lampião.
A proprietária de um bar na entrada do bairro, que não disse o
nome temendo possíveis "retaliações", disse gastar duas cargas de
bateria por dia -cerca de R$ 8-,
para manter manter o rádio e a
TV ligados durante o dia.
O autônomo Osvaldo Olinto de
Oliveira, 53, disse que economizou durante um ano para comprar um gerador. Segundo ele, o
aparelho foi comprado em sociedade com dois amigos e custou
R$ 4.000.
O gerador, no entanto, não lhe
garante uma vida normal.
Chuveiro elétrico nem pensar.
A água para o banho tem de ser
aquecida em um fogão à lenha
por sua mulher, Flauzina de Oliveira, 59. "A gente tem de tomar
banho de caneca", disse.
A culpa pela falta de energia elétrica é atribuída à administração
municipal. "Na época da eleição,
o prefeito [Dirceu Dalben] prometeu que se fosse reeleito traria
luz para nós", afirmou Oliveira.
Outro lado
A Prefeitura de Sumaré informou, por meio de sua assessoria
de imprensa, que a administração
não pode levar luz ao local porque
a área é do Estado e foi invadida
pelos moradores.
A prefeitura informou que já está fazendo gestões com o governo
para que a área seja legalizada e
possa ser contemplada com as ligações elétricas. A prefeitura informou que ofereceu outras áreas
para os moradores do bairro, mas
eles não quiseram deixar o local.
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