São Paulo, domingo, 28 de maio de 2000


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Pavilhão montado vai custar R$ 10 milhões

DA REPORTAGEM LOCAL

O governo vai gastar cerca de R$ 10 milhões só para montar e desmontar o pavilhão brasileiro em Hannover. Somando os gastos com aluguel, administração do pavilhão e decoração, a participação brasileira consumirá cerca de R$ 16 milhões.
Portugal gastou o equivalente a R$ 7,6 milhões -R$ 8,4 milhões a menos do que o Brasil.
Há uma diferença radical entre os dois projetos. Portugal fez uma construção, voltada para uma rua interna, com madeira, cortiça e pedra. O pavilhão do Brasil fica dentro de um galpão.
A Itália investiu quase o dobro do total da verba brasileira (cerca de R$ 31 milhões), mas também fez uma construção.
Há outra diferença no caso italiano: o pavilhão de 5.000 m2 não será jogado num depósito após a Expo 2000. No final da exposição, em 31 de outubro, será desmontado e transformado num museu no sul do país.

Custo do projeto
Só o projeto cenográfico do pavilhão brasileiro custou R$ 583.090,05. Não houve concurso público. A diretora de teatro e cenógrafa Bia Lessa foi escolhida por "notória especialização".
Ela não receberá o dinheiro do ministério, mas da Funpar (Fundação Universidade do Paraná). O Ministério Público Federal diz que o convênio com a Funpar, uma entidade privada, é ilegal e pretende mover uma ação contra ele. Deveria haver um contrato, precedido de licitação.
O projeto do pavilhão português, de 1.375 m2, custou cerca de R$ 840 mil. Foi feito pelo arquiteto Álvaro Siza, um dos mais renomados do mundo, vencedor em 1992 do prêmio Pritzker, considerado o Nobel da arquitetura. Siza dividiu o projeto com o arquiteto Eduardo Souto Moura.
Na última exposição universal, em Sevilha, houve concurso público para a escolha do projeto do pavilhão brasileiro. Foi em 1992, durante o governo do então presidente Fernando Collor, que acabou afastado por falta de decoro no exercício do cargo.
Um grupo de arquitetos paulistas, coordenados por Ângelo Bucci, venceu o concurso para Sevilha. Receberam US$ 110 mil -R$ 202 mil hoje. Bia Lessa ganhou quase três vezes mais.
É praticamente impossível comparar projetos, mas a cenografia da Mostra do Redescobrimento, que cobre uma área de 60 mil m2, custou R$ 400 mil. Cada um dos oito cenógrafos, entre os quais a própria Bia Lessa, recebeu R$ 50 mil. O pavilhão brasileiro em Hannover ocupa uma área quase 20 vezes menor do que a Mostra do Redescobrimento -3.022 m2.
Ainda com a ressalva de que projetos são incomparáveis, o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, um dos mais conhecidos do Brasil, recebeu cerca de R$ 400 mil para projetar a reforma da Pinacoteca do Estado, em São Paulo.
O prédio da Pinacoteca, projetado em 1897 pelo arquiteto Ramos de Azevedo, tem 8.000 m2.


Colaborou Alcino Leite Neto, enviado especial a Hannover


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