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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT X PT
Com saída de pelo menos dois representantes na Câmara, partido deixará de ter a maior bancada; PSOL vai abrigar maioria dos dissidentes
Plínio, Bicudo e deputados deixam o PT
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois deputados federais -Ivan
Valente (SP) e Orlando Fantazzini
(SP)- e quatro estaduais, além
de militantes históricos como Plínio de Arruda Sampaio e Hélio
Bicudo, anunciaram ontem sua
saída do PT. À exceção de Bicudo,
eles se filiarão ao PSOL, legenda
criada por petistas que foram expulsos do partido por votar, em
2003, contra projetos do governo.
Com as desfiliações anunciadas,
o PT deixa de ter a maior bancada
na Câmara dos Deputados, perdendo a primazia para o PMDB.
Até ontem, havia 88 deputados
petistas e 87 peemedebistas.
Outros deputados da chamada
esquerda petista, como Chico
Alencar (RJ) e Maninha (DF), devem anunciar a saída hoje -para
concorrer nas eleições de outubro
de 2006, os candidatos devem estar filiados a uma legenda pelo
menos um ano antes.
Ontem à noite, representantes
da esquerda petista se reuniram
para tentar convencer os deputados a permanecer no partido. A
reunião terminou sem que os parlamentares mudassem de idéia.
A dissidência ocorre depois da
realização do primeiro turno das
eleições internas do partido.
Mesmo com um candidato da
esquerda no segundo turno
-provavelmente Raul Pont-,
os dissidentes afirmam que a direção não será renovada, já que o
Campo Majoritário, tendência
que controla atualmente a legenda, mesmo tendo perdido a maioria no Diretório Nacional, terá
condições de compor com outras
correntes e manter o comando
das decisões.
Esgotamento
"O PT esgotou seu papel como
instrumento de transformação da
realidade brasileira", diz a nota
divulgada por Plínio de Arruda
Sampaio, que concorreu à presidência petista, mas não tem mais
chances de ir ao segundo turno, e
pelo deputado Ivan Valente.
"Nossa saída não se deve apenas
ao prazo, mas ao esgotamento de
um modelo que não realizou mudanças sociais, de uma política de
alianças espúrias e à manutenção
do controle do Campo Majoritário", disse Valente.
O deputado afirmou que, no
PSOL, os novos integrantes terão
liberdade em relação a resoluções
do partido, até que seja "testada a
afinidade prática".
No domingo, um grupo de sindicalistas e ativistas de movimentos sociais também anunciaram
sua saída do PT.
Ressaltando se tratar de uma
decisão "unilateral", o presidente
interino do partido, Tarso Genro,
afirmou que, apesar das baixas, o
partido continuará "buscando
resgatar o desejo de mudança e de
justiça social".
"Desejamos aos companheiros
que estão buscando outra sigla
para sua militância que realizem o
seu desejo de contribuir de uma
forma mais eficaz para a construção de um país melhor", informa
a nota assinada pelo presidente
interino Tarso Genro.
Equívoco
Raul Pont afirmou que a decisão
de desfiliação, neste momento, é
um equívoco. "Cheguei a falar
com o Plínio [de Arruda Sampaio] pelo telefone. Acho que foi
um equívoco. É uma dispersão do
campo de esquerda que não ajuda
em nada", afirmou o candidato.
"O resultado das eleições, para
mim ou para o Plínio, que teve votação grande, aumentou o nosso
compromisso com a base partidária, com os milhares de eleitores
que acreditaram que dava para
mudar", disse Pont.
O PT deve anunciar hoje quem
irá disputar o segundo turno petista com Ricardo Berzoini, do
Campo Majoritário.
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