São Paulo, Sexta-feira, 27 de Agosto de 1999
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Para Itamar, ato deve gerar "lição"

da Agência Folha, em Belo Horizonte, e

da Sucursal do Rio

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), disse que espera que o governo Fernando Henrique Cardoso tire ""alguma lição" do protesto e mude os rumos da economia do país.
""A partir dessa marcha, eu não diria "Marcha dos 100 Mil", o governo possa atentar que hoje está indo contra os interesses, que ele está desnacionalizando o país, levando a uma política recessiva."
Itamar afirmou que FHC ""não quer ouvir a opinião pública" e isso o preocupa pelo fato de ser um ""governo reeleito pela primeira vez, quebrando uma tradição cultural e constitucional do país", ainda no começo.
Itamar disse que não estava se importando com o número de pessoas que estavam em Brasília.
"O importante é que esse governo, que não quer ouvir a opinião pública e não tem interesse em modificar os seus rumos, possa tirar alguma lição, mesmo que nós tivéssemos duas ou três pessoas. É importante que, democraticamente, se faça isso".
O governador mineiro, em resposta à declaração do presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a falta de rumo da oposição, disse que quem não tem rumo é o governo: ""Evidentemente, a oposição brasileira não ganhou a eleição nesse país. Cabia ao governo modificar o que aí está".
Itamar disse que não defende o impeachment de FHC, como prega parte da oposição, mas defendeu a instalação de uma CPI para apurar a privatização das empresas do grupo Telebrás.
""Não estamos nessa linha "fora fulano de tal", "impeachment do fulano de tal". Gostaríamos, sim, que realmente o Congresso fizesse a CPI da Telebrás, porque ali houve uma promiscuidade entre o governo e os agentes que processaram essa privatização."
Ele disse ainda que compete ao Congresso avaliar e julgar os atos do governo, mas afirmou que a população também poderá se manifestar nas urnas.
O governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT), outro que não compareceu à manifestação, disse que fez uma "vaquinha pessoal" para recolher dinheiro para o aluguel de ônibus que levaram manifestantes do Rio.
Garotinho afirmou que a coleta foi suficiente para alugar dez ônibus. Segundo a Folha apurou com fonte do PDT, a "vaquinha" do governador abrangeu todo o pessoal do primeiro escalão do governo e resultou em R$ 18 mil.
A vice-governadora Benedita da Silva afirmou que deu uma "colaboração individual". Ela disse ter ajudado pessoas "que não tinham condições" de ir à marcha. Segundo ela, a contribuição não foi "em nome do governo".


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