|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT X PT
Nova direção deve aprovar diretriz que abre caminho para coligação com partidos envolvidos no "mensalão" para reeleger Lula
PT pode manter alianças com PL, PTB e PP
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A nova direção do PT está disposta a aprovar, como um de seus
primeiros atos, uma diretriz que
abre caminho para a coligação
com os protagonistas do escândalo do "mensalão" -PL, PTB e
PP- para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A proposta deve ser discutida
em encontro nacional do partido,
no início de dezembro, que dará a
largada para o planejamento eleitoral do PT. A medida pode gerar
o primeiro grande embate entre o
Campo Majoritário e as alas radicais, que querem uma mudança
completa na política de alianças.
O Campo Majoritário apresentará a tese para o encontro, que
deve ocorrer entre 2 e 4 de dezembro, em São Paulo. O texto diz: "O
fator orientador da política de
alianças para 2006 deverá consistir na criação das condições necessárias para garantir a reeleição
do presidente Lula".
"Sou um aliancista. Nós não vamos ser contraditórios e procurar
aliados entre os que não estão na
base de sustentação do governo",
diz o presidente do PT, Ricardo
Berzoini, ao explicar a tentativa de
revitalizar a atual base aliada.
A política de alianças é um dos
temas que mais dividem o PT.
Muitos apontam a relação com
partidos considerados fisiológicos como a raiz da crise política.
Condução errada
Berzoini discorda da avaliação e
diz que a aliança com o centro-direita não pode ser culpada. "As
alianças não são a causa da crise,
elas foram corretas. A condução
política é que pode ter sido errada
em alguns momentos", diz.
O sonho do PT é ter o PMDB como aliado principal em 2006, mas
se sabe, internamente, que isso é
improvável, já que o partido deve
ter candidato próprio. Restam os
aliados tradicionais de esquerda
como PSB e PC do B, os três partidos no centro do "mensalão" e o
PMR, de José Alencar.
"Sou a favor sempre, sempre,
sempre, de ampliar alianças. Sou
um aliancista por natureza. Não
tenho preconceito", diz Francisco
Rocha, um dos coordenadores do
Campo Majoritário.
Aprovar a diretriz vai exigir do
Campo negociação com outras
alas. Atrair o Movimento PT, corrente moderada que também se
define como "aliancista", deve ser
o suficiente para conseguir maioria interna. "Precisamos de uma
aliança para ganhar e para governar. Deve ser derivada da base
que existe hoje", diz Romênio Pereira, um dos líderes da corrente.
"Explosão"
É o tipo de conversa que horroriza os radicais. Raul Pont, que
disputou o segundo turno da eleição petista e deve ser o novo secretário-geral do partido, alerta
para o risco de uma "explosão".
"Não podemos manter o leque
de alianças que hoje sustenta o
governo. Essas alianças nos esgarçam, nos tensionam. Não aceitamos o centro-direita. Se for tentar
repetir o que se fez até aqui o partido explode", diz Pont.
Segundo ele, o PT não pode ignorar o fato de que foi a relação
com tais aliados que jogou o governo na atual crise. "Quero ver
alguém ter a coragem de defender
a entrada do PTB na coligação depois de tudo o que aconteceu",
declara. O problema é que a oposição ao Campo Majoritário, apesar de ter crescido um pouco na
renovação do Diretório Nacional,
responde por apenas 45% dele.
Uma possível saída seria a aprovação de uma resolução que definisse um núcleo formado pela esquerda e deixasse a adesão das legendas de direita em aberto.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Movimentos de esquerda se reúnem por mudanças Índice
|