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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONEXÃO TUCANA
Presidente do PSDB, que teve dívida de R$ 700 mil paga com cheque de
Valério, disse que devolveu dinheiro com ajuda de Walfrido Mares Guia
Ministro confirma versão de Azeredo sobre empréstimo
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dos coordenadores da campanha do tucano Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais
em 1998, o ministro Walfrido Mares Guia (Turismo) confirmou
ontem que, em 2002, fez um empréstimo para pagar uma dívida
de Azeredo com o empresário
Marcos Valério Fernandes de
Souza, apontado como "operador
do mensalão".
A versão do empréstimo, no valor de R$ 500 mil, foi dada pelo
próprio Azeredo, depois que a revista "IstoÉ" revelou que uma dívida de R$ 700 mil do tucano com
Cláudio Mourão, que havia sido
seu tesoureiro de campanha em
1998, foi paga por Valério.
Segundo Azeredo, hoje senador
e presidente nacional do PSDB, o
dinheiro foi devolvido a Valério
após a concretização do empréstimo. O financiamento foi feito no
Banco Rural e avalizado pelo próprio Azeredo, segundo o tucano e
Mares Guia.
Além de ser investigado por ter
operado caixa dois para campanhas do PT nos últimos anos, Valério também é suspeito de ter
ocupado o mesmo papel em campanhas tucanas em Minas Gerais.
Walfrido disse ontem à Folha
que somente tomou conhecimento da dívida de Azeredo com
Mourão. Ele afirmou não ter sido
informado sobre a participação
de Valério na negociação.
"Foi aí [com a contração da dívida] que ele [Azeredo] me pediu
pra fazer o financiamento para ele
de R$ 500 mil no Banco Rural. Eu,
como tenho uma empresa, fiz o financiamento de R$ 500 mil com o
aval dele [Azeredo]. E depois,
com a posse dos R$ 500 mil, ele
pagou o pessoal", afirmou o ministro.
Questionado se teria feito o pagamento diretamente ao empresário Marcos Valério, o ministro
negou: "Eu não me envolvi com
nada disso. A única coisa que eu
fiz foi tirar R$ 500 mil, porque eu
sou amigo dele, o Eduardo [Azeredo] é um homem de bem. Na
dificuldade que ele estava, ele me
pediu uma ajuda".
E completou: "Ele [Azeredo]
me falou que tinha uma dívida
com o Cláudio Mourão, que ele
estava cobrando dele um dinheiro." Sobre a participação de Valério, voltou a dizer: "Eu nem sabia
disso. Eu não me envolvi com isso. Eu fiz uma ação com o Eduardo Azeredo".
Azeredo nega envolvimento direto com Marcos Valério. Diz que
a atuação do empresário em sua
campanha de 1998 foi combinada,
sem o seu conhecimento, com o
seu então tesoureiro, Cláudio
Mourão.
O relator da CPI do Mensalão,
deputado Ibrahim Abi-Ackel
(PP-MG), descartou a atuação da
comissão na investigação do caso.
"Ele [Azeredo] não é personagem
em nenhum dos dois fatos [de
criação da CPI]", disse, numa referência às suspeitas sobre compra de votos para a aprovação da
emenda da reeleição, em 1997, e
de parlamentares pelo PT para
aprovar projetos de interesse do
governo no Congresso entre 2003
e 2004.
"Nós temos de aprofundar as
nossas investigações dentro da
matéria definida e dentro do espaço declarado da CPI. Na nossa
comissão, está fora, não cabe dentro de nossas atribuições", disse o
relator.
Apoio tucano
Para o líder do PSDB na Câmara, deputado Alberto Goldman
(SP), as novas acusações contra o
presidente do seu partido não alteram o quadro atual. "Não muda
nada, são relações privadas entre
eles, não há ilegalidade nenhuma.
É que, em qualquer matéria em
que o nome do Marcos Valério
aparece, já surge especulação."
Para o tucano, o episódio confirma a versão de Azeredo de que
as finanças de sua campanha estavam exclusivamente sob controle
do tesoureiro.
"Não há nenhuma novidade até
[nas novas acusações], não contradiz o que o Azeredo havia dito
antes. Do contrário, confirma que
o Cláudio Mourão assumiu um
compromisso e depois jogou nas
costas do Azeredo. O tesoureiro,
está na cara, extrapolou suas atribuições", disse Goldman.
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