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Cartel não produz, só vende
da enviada especial a Tabatinga (AM)
Os famosos cartéis do tráfico internacional de cocaína -como os
de Cali e de Medellín- controlam apenas uma fase do comércio
da droga. Ao contrário do que se
imagina, não há organização que
domine todas as etapas, do plantio à distribuição, da droga.
Levantamento feito pela Comunidade Andina de Inteligência
Policial (que congrega as polícias
federais de oito países da América
Latina, incluindo a do Brasil)
mostra que há uma divisão rígida
de trabalho por etapas da produção. Cada organização, segundo a
Polícia Federal, é especializada
em uma delas.
O tráfico se divide em seis fases
de trabalho: plantio, pisoteiro (ou
produção da pasta-base de cocaína), refino, comércio, distribuição e financiamento. Em cada fase, existe uma rígida hierarquia de
funções (ver quadro).
O plantio da coca é feito no Peru, na Bolívia e na Colômbia. O
ranking da produção é o seguinte:
a Colômbia lidera com 95 mil hectares de plantio, contra 75 mil no
Peru e 45 mil na Bolívia.
A fase seguinte é a do pisoteiro,
onde as folhas sofrem o primeiro
processo de manufatura, sendo
transformadas em pasta-base de
coca. A pasta também é usada para consumo. Na região amazônica, ela chega a ser mais consumida do que a cocaína refinada.
A terceira etapa é a do refino
(transformação da pasta-base em
cocaína pura, com 90% de concentração). A Colômbia tem, praticamente, o monopólio dessa atividade -mais de 80% da produção. A pasta-base produzida no
Peru e na Bolívia é enviada para
os laboratórios de refino na Colômbia e é nesse momento que
entram em ação as organizações
baseadas na Amazônia ocidental.
Como não há estradas interligando os dois países, a droga tem
de ser transportada por aviões e
barcos. Como são grandes distâncias, há necessidade de reabastecimento das aeronaves, o que é
feito em pistas clandestinas.
O delegado Sérgio Luiz Fortes,
da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF do Amazonas,
diz que ainda não há envolvimento expressivo de organizações no
Brasil com o refino, nem com o
plantio no tráfico internacional.
Segundo a Polícia Federal, a rota internacional do tráfico que
passa pela Amazônia ocidental
não abastece o mercado brasileiro. O abastecimento do mercado
brasileiro, segundo a PF, é feito
pela Bolívia e pelo Paraguai.
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