São Paulo, Domingo, 21 de Novembro de 1999
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Ex-deputado teve 4 mandatos

IRINEU MACHADO
da Agência Folha, em São Luís

José Gerardo de Abreu, 59, cassado anteontem, estava em seu quarto mandato de deputado estadual. Desde que conquistou uma cadeira na Assembléia Legislativa, em 1979, só deixou o cargo entre 1990 e 1994, quando votos obtidos por ele só foram suficientes para uma vaga de suplente.
Em seus quatro mandatos, o ex-deputado apresentou 34 projetos de lei. De 119 sessões da Assembléia Legislativa em 1999, ele só compareceu em 21. Um terço das faltas não foi justificado. As outras ausências foram justificadas com atestados médicos. À CPI do Narcotráfico, confirmou que só ia às sessões às quartas-feiras.
Reeleito no ano passado pelo PPB com mais de 16 mil votos, José Gerardo tinha sua base eleitoral nos municípios de Zé Doca, Bom Jardim e Santa Inês, cidades cortadas pela rodovia BR-316, apontada como principal foco de roubo de carretas no Maranhão.
Empresário de transportes coletivos em São Luís, o ex-deputado sempre integrou a base de apoio do governo no Estado.
A exceção foi na última eleição, quando apoiou o candidato Epitácio Cafeteira, do PPB, na disputa com Roseana Sarney (PFL), que foi reeleita.
Sobre a família Sarney, José Gerardo disse em entrevista à Agência Folha no último dia 17 de outubro: "Somos amigos, só que hoje eles estão de um lado e eu de outro".
Nascido em Coreaú (CE), o ex-deputado iniciou negócios no ramo de transporte coletivo em 1965, em Fortaleza, com uma frota de camionetes. Depois de brigar com a prefeitura local, que proibiu os veículos para transporte na cidade, José Gerardo mudou-se para São Luís.
Quando foi eleito deputado estadual pela primeira vez, detinha, segundo ele próprio afirma, 70% da frota de ônibus de São Luís.
Investigações da Polícia Civil baseadas em denúncias contra as empresas de José Gerardo descobriram no mês passado que nove ônibus da Viação Julle estavam com chassis adulterados.
O deputado Francisco Caíca (PSD), que no mês passado o apontou como mandante de vários assassinatos, foi assessor parlamentar do ex-deputado por 12 anos.


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