|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ex-deputado teve 4 mandatos
IRINEU MACHADO
da Agência Folha, em São Luís
José Gerardo de Abreu, 59, cassado anteontem, estava em seu
quarto mandato de deputado estadual. Desde que conquistou
uma cadeira na Assembléia Legislativa, em 1979, só deixou o cargo
entre 1990 e 1994, quando votos
obtidos por ele só foram suficientes para uma vaga de suplente.
Em seus quatro mandatos, o ex-deputado apresentou 34 projetos
de lei. De 119 sessões da Assembléia Legislativa em 1999, ele só
compareceu em 21. Um terço das
faltas não foi justificado. As outras ausências foram justificadas
com atestados médicos. À CPI do
Narcotráfico, confirmou que só ia
às sessões às quartas-feiras.
Reeleito no ano passado pelo
PPB com mais de 16 mil votos, José Gerardo tinha sua base eleitoral
nos municípios de Zé Doca, Bom
Jardim e Santa Inês, cidades cortadas pela rodovia BR-316, apontada como principal foco de roubo de carretas no Maranhão.
Empresário de transportes coletivos em São Luís, o ex-deputado
sempre integrou a base de apoio
do governo no Estado.
A exceção foi na última eleição,
quando apoiou o candidato Epitácio Cafeteira, do PPB, na disputa com Roseana Sarney (PFL),
que foi reeleita.
Sobre a família Sarney, José Gerardo disse em entrevista à Agência Folha no último dia 17 de outubro: "Somos amigos, só que hoje eles estão de um lado e eu de
outro".
Nascido em Coreaú (CE), o ex-deputado iniciou negócios no ramo de transporte coletivo em
1965, em Fortaleza, com uma frota de camionetes. Depois de brigar com a prefeitura local, que
proibiu os veículos para transporte na cidade, José Gerardo mudou-se para São Luís.
Quando foi eleito deputado estadual pela primeira vez, detinha,
segundo ele próprio afirma, 70%
da frota de ônibus de São Luís.
Investigações da Polícia Civil
baseadas em denúncias contra as
empresas de José Gerardo descobriram no mês passado que nove
ônibus da Viação Julle estavam
com chassis adulterados.
O deputado Francisco Caíca
(PSD), que no mês passado o
apontou como mandante de vários assassinatos, foi assessor parlamentar do ex-deputado por 12
anos.
Texto Anterior: Crime Organizado: PF busca Interpol para achar Gerardo Próximo Texto: Inquérito liga coronel a dinheiro falso Índice
|