São Paulo, Domingo, 21 de Novembro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RIO
Governador elege tema para tentar viabilizar candidatura em 2002
Garotinho lança na terça programa para segurança

CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio

O governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT), lança na próxima semana o seu programa consolidado para a área de segurança, o carro-chefe do projeto de viabilizar a sua candidatura à Presidência da República em 2002.
O lançamento será feito nesta terça, na abertura do seminário internacional "Rio Segurança Máxima", promovido pelo governo do Estado, com participações de representantes de cidades que tiveram sucesso no combate à violência, como as norte-americanas Nova York e San Diego.
No evento, será apresentado o escudo do que está sendo chamado no Palácio Guanabara (sede do governo estadual) de "a nova polícia do Rio". Caso fique pronto a tempo, será apresentado o novo uniforme completo.
Essa nova polícia emergiria do projeto de criação do Instituto Rio Segurança, ainda não aprovado pela Alerj (Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro).
O instituto, unindo as polícias Civil e Militar, existiria paralelamente às duas corporações e só absorveria a chamada banda boa das polícias, por meio de um processo de triagem nos quadros policiais. Caso o projeto não passe na Alerj, Garotinho terá que encontrar outra fórmula.
A idéia de chamar o instituto de "nova polícia" é inspirada na inglesa Scotland Yard. Quando fez a sua reforma, a Scotland Yard acrescentou temporariamente ao seu nome o adjetivo "new" (nova), para enfatizar a mudança.
Garotinho não deverá mostrar muitas novidades em relação ao que já vem sendo feito na área de segurança, salvo surpresas de última hora, uma característica do seu modo de governar.
O que ele pretende é dar o máximo possível de visibilidade para suas ações na área, como a criação das chamadas Delegacias Legais -duas deverão ser inauguradas na próxima semana-, unidades reformadas, totalmente informatizadas e sem carceragem anexa.
Outro item a ser destacado é a recente criação de uma gratificação por eficiência para a polícia.
Garotinho está convencido de que a grande obra com a qual ele poderá marcar seu governo será a redução significativa dos índices de violência. Com isso, ele espera conquistar a classe média, não só do seu Estado como do país.
Ele já tem em mãos resultados de pesquisas qualitativas (feitas em grupos sociais selecionados) que mostram satisfação do eleitorado da zona sul da cidade do Rio -principal formadora de opinião no Estado- com suas ações na área de segurança.
Além disso, líderes de bases já consolidadas pelo governador, como a evangélica, consideram que, sem resolver o problema da segurança no Rio, ele não terá nenhuma chance em 2002.

Ataque
Na última sexta, Garotinho criticou o presidente Fernando Henrique Cardoso, sem citar seu nome, durante cerimônia em que prometeu melhorar os salários dos defensores públicos do Rio.
Para enfatizar que não ficaria apenas nas palavras em relação a suas promessas, Garotinho disse: "Não quero fazer como certas pessoas que disseram no passado: esqueçam tudo o que falei". A referência foi feita de modo incorreto, porque FHC pediu que esquecessem o que ele escreveu.
Depois, indagado se a menção era o início de uma nova era no relacionamento com seu "aliado" -referência à relação amistosa que tem com FHC-, Garotinho negou que tivesse a intenção de criticar o presidente.
Segundo ele, a frase foi apenas uma referência. "Eu fiz uma crítica no sentido de que os homens públicos não devem pedir para rasgar o que escreveram ou disseram, mais nada", disse.
Ao mesmo tempo, o governador fez questão de deixar claro que não é aliado do governo federal: "Vocês nunca ouviram de mim apoio à política econômica de Fernando Henrique", disse.


Texto Anterior: Fraudes cambiais podem ficar impunes
Próximo Texto: Crime Organizado: PF busca Interpol para achar Gerardo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.