SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO VELHO

Depois de divulgar gravações de conversas mantidas com um grupo de sete deputados estaduais, o governador de Rondônia, Ivo Cassol (PSDB), afirmou ontem que "vai se cuidar" porque vem recebendo ameaças de morte.
Cassol passou a semana gravando entrevistas em rádios e televisões locais, após divulgar fitas de vídeo nas quais os parlamentares supostamente cobram propina dele em troca de apoio político para votar projetos de seu interesse na Assembléia Legislativa.
Ontem, no entanto, mudou a rotina. Disse estar temeroso pela segurança de sua família. Pela manhã, despachou de sua casa, com a camisa aberta e bebendo chimarrão (ele nasceu em Santa Catarina), na mesma sala em que gravou os deputados.
A sala fica logo na entrada da casa de Cassol, num condomínio nobre em Porto Velho. Ao receber a Folha, o governador fez questão de mostrar o local. "Sorria, você está sendo filmado", disse e, na seqüência, recuou: "Não, não está mais funcionando".
Concedeu entrevista em outro local, comendo um ovo com queijo e café com leite. Depois palitou os dentes enquanto determinava, pelo celular, o cancelamento da agenda por questões de segurança. "Nossa equipe que está coletando dados, a segurança nossa, já detectou que a intenção desse pessoal [o grupo de deputados] é me eliminar. Não desisto, vou continuar, mas vou me cuidar."
Disse ainda que vinha sofrendo ameaças desde a semana passada, quando a Assembléia articulava a votação de um pedido de cassação do seu mandato em comissão especial. "Um dos parlamentares nossos [de sua base, composta por três integrantes], em contato com parlamentares desses que foram denunciados, disseram [os denunciados] na sexta passada que me tirariam de qualquer maneira, ou cassando ou na bala."


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