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MUY AMIGOS
Chanceler argentino encontra Amorim no Brasil, é condecorado e afirma que seu país não é "caprichoso"
Argentina é um sócio incômodo, diz Bielsa
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Brasil e Argentina deram por
encerrada ontem a mais recente
das reincidentes crises entre os
dois países com promessas de
promover "uma virada nas relações", conforme anunciou o ministro das Relações Exteriores,
Celso Amorim, e com uma condecoração ao chanceler argentino, Rafael Bielsa, que definiu seu
país como um sócio "incômodo,
mas não caprichoso".
Segundo Bielsa, a idéia de que a
Argentina "é caprichosa e tem posições irracionais costuma estar
no inconsciente coletivo". Em sua
primeira visita oficial ao Brasil,
Bielsa foi condecorado com a
"Grã-Cruz do Cruzeiro do Sul",
uma graduação oferecida a personalidades estrangeiras por sua
contribuição ao Brasil.
Os dois chanceleres prometeram iniciar uma nova fase nas relações bilaterais que, segundo
eles, deverá culminar na assinatura de vários protocolos de cooperação até o dia 30 de novembro,
Dia da Amizade Brasil-Argentina,
data que comemora os primeiros
acordos setoriais assinados pelos
ex-presidentes José Sarney e Raúl
Alfonsín, há 20 anos.
Mas a solução para o principal
problema entre os dois países, os
setores industriais argentinos
sensíveis às exportações brasileiras, foi adiada. A Argentina quer
criar um mecanismo de proteção
automática ao seu mercado interno quando houver excesso de exportações brasileiras.
O governo brasileiro rejeita a
proposta. Há duas semanas, o ministro da Economia da Argentina,
Roberto Lavagna, fez uma nova
proposta que, segundo Amorim,
está sendo avaliada.
"Nossa relação é tão plural, tão
diversificada, mas às vezes fica
concentrada em um único ponto,
que corresponde, mesmo do ponto de vista comercial, a 3% ou 4%
da nossa relação", disse Amorim.
Bielsa entregou a Amorim uma
lista com 45 pontos da relação bilateral a serem discutidos com o
Brasil. "Há mais convergências do
que problemas", disse Bielsa.
Condecoração
Bielsa recebeu a condecoração
semanas depois de abrir a última
crise entre os dois países. Bielsa já
fez duras críticas ao Brasil ao cobrar uma "resposta satisfatória"
nas negociações bilaterais e dizer
que existe "um déficit institucional no Mercosul". As declarações
foram mais um episódio da disputa entre os dois países por protagonismos na região.
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