São Paulo, sábado, 21 de maio de 2005

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Severino insiste em cargos para base

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CARUARU (PE)

O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), disse ontem, em Caruaru (PE), que vê "certo desgaste" do governo em sua relação com o Legislativo e atribuiu o problema à "falta de atenção de alguns ministros" com os parlamentares. "Está havendo, sim, certo desgaste, mas é fácil o presidente [Luiz Inácio Lula da Silva] voltar a coordenar [articulação política]. A posição dos parlamentares deve ser respeitada."
Para Severino, o governo poderia estar em situação mais confortável se o PP e os demais partidos da base participassem mais efetivamente do governo, como nos ministérios. "O governo precisa mudar um pouco o tratamento. Os senhores ministros têm que dar atenção ao Poder Legislativo."
Em entrevista exclusiva à Folha, concedida antes de um almoço em uma fazenda a 18 km de Caruaru, Severino disse, porém, que não vê riscos de as divergências evoluírem para uma crise institucional. "Eu acho até louvável discutirmos os assuntos", declarou.
Para ele, essa "agitação" entre poderes é normal, pois "em todo período pré-eleitoral é assim".
O deputado também acha "normal" a pressão do governo para que os integrantes da base retirem suas assinaturas do pedido de abertura da CPI dos Correios. "Não é a primeira vez que isso acontece na Câmara", afirmou. "Já aconteceu no governo passado e vai continuar acontecendo."
Ele reafirmou que, se houver assinaturas suficientes, a comissão de inquérito "será instalada". "Não colocarei obstáculos, nem tenho forças para fazer com que [os aliados do governo] mudem de opinião", disse.
O parlamentar disse que não vê sua ascensão ao cargo como o estopim da crise entre os poderes. Para ele, os problemas surgiram porque, "hoje, a pauta dos trabalhos [na Câmara] quem faz são os deputados, e não a Casa Civil".
Em discurso a estudantes da Faculdade do Vale do Ipojuca, em Caruaru, acusou o governo de ter estimulado jornalistas a investigar sua vida em Pernambuco para prejudicá-lo, após a eleição. "Minha vida está exposta para ser investigada a hora que quiserem, seja na situação, seja na oposição."


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