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CRIME ORGANIZADO
Comissão investigou, entre 1995 e 1998, a participação de PMs e investigadores em quadrilhas
Policiais são acusados em CPI paulista
ROBERTO COSSO
da Reportagem Local
A CPI do Crime
Organizado, que
funcionou na Assembléia Legislativa de São Paulo entre 1995 e 1998, apurou que a maioria das organizações criminosas ligadas a roubo
de carros e de cargas no Estado
tem policiais no comando.
"As organizações sempre incluem policiais. Quando eles não
estão no comando, dão proteção
aos criminosos em troca de vantagens", diz o deputado Elói Pietá
(PT), que foi relator da CPI.
As investigações promovidas
neste ano pela CPI do Narcotráfico, da Câmara dos Deputados,
apontaram, por exemplo, suspeitas de envolvimento de policiais
civis no desaparecimento de cerca
de 340 kg de cocaína do Instituto
Médico Legal de Campinas (99
km a noroeste de São Paulo).
Na CPI da Assembléia Legislativa, três das quatro quadrilhas que
receberam maior atenção eram
comandadas por delegado ou oficiais da Polícia Militar. A outra tinha a participação de investigadores da Polícia Civil.
O ex-delegado Marcos Vinícios
Linhares foi acusado de comandar uma quadrilha de roubo de
cargas, sequestros e assassinato
na região de Atibaia (65 km ao
norte de São Paulo).
Linhares foi condenado a mais
de 20 anos de prisão. Chegou a fugir do Presídio Especial da Polícia
Civil, mas foi recapturado.
O ex-capitão da Polícia Militar
Oscar Câmara foi acusado de chefiar um bando de roubo de cargas
na região de Aparecida (170 km a
noroeste de São Paulo). Ele chegou a ser assessor do deputado
Roberto Cardoso Alves (PTB-SP),
morto em janeiro de 1996.
A organização de Câmara contava com um sargento e dois cabos da Polícia Militar, além de vários civis. Todos foram condenados pela Justiça.
O deputado Afanasio Jazadji
(PFL) ressalta que nos casos de
roubo de cargas, a CPI não conseguiu identificar os destinatários
das mercadorias roubadas.
Por isso, segundo ele, seria temeroso afirmar que os policiais
identificados pela CPI como chefes dos bandos não estavam subordinados a outras pessoas.
Ele afirma, contudo, que os operadores do roubo de cargas eram
"policiais da ativa ou ex-policiais"
porque tinham profundo conhecimento sobre o funcionamento e
a estrutura da polícia.
A comissão também identificou
uma quadrilha de roubo de carros
e caminhões sediada em Guarulhos (Grande São Paulo) que seria
comandada pelo capitão Cleodir
Fioravante Nardo, demitido da
Polícia Militar "a bem do serviço
público" na semana passada, por
decisão do Tribunal de Justiça
Militar.
A Folha apurou que o decreto
de exoneração dele será assinado
nesta semana pelo governador
Mário Covas (PSDB).
De acordo com as apuração dos
policiais, o capitão usaria quartéis
da PM para guardar veículos roubados e faria ofícios às montadoras em papel timbrado da corporação para pedir adesivos numerados para os caminhões, com o
objetivo de "esquentá-los".
A CPI apurou que o roubo de
veículos movimenta cerca de R$
1,2 bilhão por ano no Estado.
Haveria dois esquemas: um
passaria os veículos para os desmanches, que vendem as peças;
outro "esquentaria" os carros e os
revenderia. Policiais do Detran
(Departamento Estadual de Trânsito) dariam cobertura para a legalização dos veículos roubados.
A assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública informou que somente se manifestaria sobre o caso após a publicação desta reportagem.
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