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QUESTÃO AGRÁRIA
Ação em Matão, com 600 pessoas, segundo o movimento (500, para a PM), é a maior da região
MST invade usina desativada em SP
ANGELO SASTRE
enviado especial a Matão
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu anteontem a fazenda Bocaina,
sede da antiga usina Ximbó, em
Matão (305 km a noroeste de São
Paulo). É a maior invasão já registrada na região de Ribeirão Preto.
A invasão ocorreu durante a
madrugada e teve apoio de entidades religiosas e sindicais, que
doaram lonas e alimentos. O
acampamento conta com 600
pessoas, segundo o MST. A Polícia Militar afirma que são 500.
A fazenda Bocaina possui mil
alqueires (2.420 hectares) e está
localizada às margens do km 314
da rodovia Washington Luiz.
Segundo o coordenador do
MST Gilmar Mauro, 31, as famílias foram cadastradas em cidades
da região nordeste do Estado, como Araraquara e Franca.
"Apenas 26 famílias são de São
Paulo. O restante é da própria região. Nos próximos dias devem
chegar mais pessoas cadastradas.
A expectativa é que o acampamento supere mil famílias", afirma. No último mês, o movimento
cadastrou 3.000 famílias em cidades da região.
De acordo com Mauro, a invasão vinha sendo estudada havia
seis meses. Ele diz que o local foi
definido após a constatação de
que a fazenda possui várias dívidas com o Banco do Brasil e com
os governos estadual e federal.
"O fato de a usina estar desativada há vários anos e a fazenda
possuir débitos com o governo
faz com que a área possa ser desapropriada", diz o coordenador.
O líder do acampamento afirma
que o grupo está preparado para
um possível pedido de reintegração de posse. Até ontem à tarde,
nenhum oficial de Justiça havia
visitado o acampamento.
Segundo ele, qualquer tipo de
confronto está descartado pelos
integrantes do movimento. "Temos um advogado assessorando
o acampamento e, caso ocorra o
pedido de reintegração, iremos
tentar cassar a liminar na Justiça",
diz Mauro. Ontem, o grupo iniciou a perfuração de um poço e a
preparação de uma horta.
Os membros do acampamento
também tiveram uma aula sobre
o arcebispo emérito de Olinda e
Recife dom Hélder Câmara, que
morreu em agosto deste ano. A
coordenação do MST pretende
batizar o acampamento com o
nome do arcebispo.
A partir de hoje, a direção do
acampamento estará visitando as
cidades para esclarecer os motivos da ocupação e divulgar as diretrizes do MST. Com isso, eles
pretendem reforçar o apoio da
opinião pública e mobilizar campanhas para arrecadar alimentos
e materiais para o acampamento.
As famílias procuradas no local
pela Folha afirmaram que apenas
o coordenador Gilmar Mauro poderia dar entrevistas.
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