São Paulo, Segunda-feira, 20 de Dezembro de 1999


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QUESTÃO AGRÁRIA
Ação em Matão, com 600 pessoas, segundo o movimento (500, para a PM), é a maior da região
MST invade usina desativada em SP

ANGELO SASTRE
enviado especial a Matão

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu anteontem a fazenda Bocaina, sede da antiga usina Ximbó, em Matão (305 km a noroeste de São Paulo). É a maior invasão já registrada na região de Ribeirão Preto.
A invasão ocorreu durante a madrugada e teve apoio de entidades religiosas e sindicais, que doaram lonas e alimentos. O acampamento conta com 600 pessoas, segundo o MST. A Polícia Militar afirma que são 500.
A fazenda Bocaina possui mil alqueires (2.420 hectares) e está localizada às margens do km 314 da rodovia Washington Luiz.
Segundo o coordenador do MST Gilmar Mauro, 31, as famílias foram cadastradas em cidades da região nordeste do Estado, como Araraquara e Franca.
"Apenas 26 famílias são de São Paulo. O restante é da própria região. Nos próximos dias devem chegar mais pessoas cadastradas. A expectativa é que o acampamento supere mil famílias", afirma. No último mês, o movimento cadastrou 3.000 famílias em cidades da região.
De acordo com Mauro, a invasão vinha sendo estudada havia seis meses. Ele diz que o local foi definido após a constatação de que a fazenda possui várias dívidas com o Banco do Brasil e com os governos estadual e federal.
"O fato de a usina estar desativada há vários anos e a fazenda possuir débitos com o governo faz com que a área possa ser desapropriada", diz o coordenador.
O líder do acampamento afirma que o grupo está preparado para um possível pedido de reintegração de posse. Até ontem à tarde, nenhum oficial de Justiça havia visitado o acampamento.
Segundo ele, qualquer tipo de confronto está descartado pelos integrantes do movimento. "Temos um advogado assessorando o acampamento e, caso ocorra o pedido de reintegração, iremos tentar cassar a liminar na Justiça", diz Mauro. Ontem, o grupo iniciou a perfuração de um poço e a preparação de uma horta.
Os membros do acampamento também tiveram uma aula sobre o arcebispo emérito de Olinda e Recife dom Hélder Câmara, que morreu em agosto deste ano. A coordenação do MST pretende batizar o acampamento com o nome do arcebispo.
A partir de hoje, a direção do acampamento estará visitando as cidades para esclarecer os motivos da ocupação e divulgar as diretrizes do MST. Com isso, eles pretendem reforçar o apoio da opinião pública e mobilizar campanhas para arrecadar alimentos e materiais para o acampamento.
As famílias procuradas no local pela Folha afirmaram que apenas o coordenador Gilmar Mauro poderia dar entrevistas.


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