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RIO
Governador pedetista afirma que sua candidata em 2000 é a petista, contrariando orientação de Brizola
Garotinho afirma que apoiará Benedita
ROBERTO SAMORA
da Agência Folha, em Campo Grande
O governador do Rio de Janeiro,
Anthony Garotinho (PDT), voltou a bater de frente com o presidente nacional de seu partido,
Leonel Brizola, antes e durante
um culto evangélico realizado em
Campo Grande (MS), no final da
tarde de anteontem.
Garotinho respondeu às críticas
do ex-governador e insinuou, citando uma passagem bíblica, que
Brizola teria inveja de seu desempenho político.
Ele afirmou que a sua candidata
para a eleição municipal no Rio
de Janeiro será a vice-governadora do Estado, Benedita da Silva
(PT), contrariando orientação do
presidente do PDT.
Brizola disse na última quinta-feira que o PDT terá candidato
próprio no Rio em 2000 e que ele
poderia até ser um dos postulantes ao cargo. Declarou também
que a aliança com o PT se esgotou
na eleição de Garotinho.
"Eu e o Brizola empenhamos
nossa palavra com o PT de que a
nossa candidata à prefeitura seria
a Benedita da Silva. Ele diz que esqueceu, mas eu lembro bem",
afirmou Garotinho, ressaltando
ainda que não há problemas de
relacionamento entre ele e as militâncias do PDT e do PT.
Garotinho foi o "mensageiro"
da Festa do Tabernáculo da Assembléia de Deus, celebração que
reuniu cerca de 5.000 pessoas, segundo a organização, no ginásio
Guanandizão. O governador do
Mato Grosso do Sul, José Orcírio
dos Santos, o Zeca do PT, e o prefeito da capital, André Puccinelli
(PMDB), estavam presentes.
Com uma Bíblia embaixo do
braço, ao descer do jatinho que o
levou até Campo Grande, o presbiteriano Garotinho reafirmou
que manteria a promessa de não
falar de política em eventos religiosos. Mas, em sua pregação, já
proferida em cidades como Vila
Velha (ES), Taguatinga (DF), Manaus (AM) e São Paulo, na qual o
tema principal é a história de sua
conversão religiosa, ocorrida há
cinco anos, o governador não
poupou o presidente do PDT,
apesar de não citá-lo.
Brizola criticou Garotinho dizendo que ele participa de cultos
evangélicos visando obter votos
para uma possível eleição presidencial em 2002.
Em sua resposta, o governador
comparou sua situação com a do
profeta bíblico Daniel. "Vivo uma
batalha espiritual. Eles me perseguem porque sou fiel ao Deus que
mudou a minha vida. Um político
muito importante tentou me intimidar. Queriam até que eu cancelasse minhas viagens."
"Tentaram fazer comigo o que
fizeram com Daniel", disse o governador, lembrando que o profeta teria sido jogado aos leões a
mando do rei por inveja de políticos da época.
Daniel foi constituído príncipe
pelo rei Dario Medo, que sucedeu
Baltazar e Nabucodonosor no reino da Babilônia. Só não morreu
ao ser trancado junto com os
leões, segundo a Bíblia, porque
Deus enviou um anjo que fechou
as bocas dos animais.
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