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GOVERNO
Bräuer e seu substituto no comando da Aeronáutica trocam elogios após partida contra brigadeiros
Diplomático, Baptista vai a jogo de tênis
ANDRÉ SOLIANI
da Sucursal de Brasília
Uma partida de tênis, na manhã
de ontem, em Brasília, mostrou
que o Alto Comando da Aeronáutica continua coeso, mesmo depois da demissão de Walter
Bräuer do comando da Força.
Bräuer e o seu substituto, Carlos
de Almeida Baptista, jogaram em
dupla contra dois outros brigadeiros e trocaram elogios depois
de vencerem os adversários.
Para comemorar a vitória, o novo comandante da Aeronáutica,
que assume na terça-feira, tomou
cerveja com gelo. "Fica mais gostosa", disse, de ótimo humor, aos
jornalistas.
As partidas de tênis no clube da
Aeronáutica acontecem todos os
domingos de sol, segundo os militares. Mas essa teve um sabor especial. Na sexta-feira, depois que
o ministro da Defesa, Elcio Alvares, demitiu Bräuer, os tenentes-brigadeiros, de quatro estrelas,
ameaçaram passar para a reserva,
como protesto contra o afastamento de seu chefe.
Baptista garantiu, no sábado à
noite, após reunião com o Alto
Comando, que tudo estava bem.
Mas não fez esforço para esconder que a demissão não foi bem
vista por seus colegas.
"É evidente que os oficiais do
Alto Comando estão tristes. Estavam bem afinados com Bräuer",
disse Baptista. Ele confirmou que
a demissão estremeceu os oficiais.
Se o ministro Alvares imagina
que será mais fácil conseguir as
reformas que pretende levar a cabo, como tirar o controle do DAC
(Departamento de Aviação Civil)
e da Infraero dos militares, pode
estar enganado. Baptista não quer
se manifestar sobre os assuntos,
antes da reunião que terá com os
seus oficiais na terça-feira, dia em
que toma posse.
Bräuer adiantou que não se deve esperar mudanças na postura
da Aeronáutica: "As coisas que
estão no coração dos aviadores
são comuns, de maneira que essa
defesa da Aeronáutica continua".
Essa foi uma das poucas frases
do ex-comandante depois da partida de tênis. De bom humor,
Bräuer ficava sisudo quando jornalistas abordavam temas relacionados com a sua demissão.
Depois de alguma insistência,
admitiu que sua saída não foi
tranquila: "Foi um episódio traumático. Mas não para mim".
Baptista também deixou claro
que defenderá os interesses de sua
Força. "A Aeronáutica e o Brasil
estão acima de tudo. Aprendemos isso desde tenra idade", afirmou o comandante.
Diplomático, o brigadeiro elogiou o seu chefe, o ministro da
Defesa. "O prestígio político de
Elcio Alvares vai ajudar as Forças
Armadas a cumprir sua missão e
recuperar o atraso tecnológico."
A diplomacia é uma qualidade
do novo comandante. No sábado,
preferiu não polemizar com relação ao fato de FHC não querer
usar mais o Boeing-707 da Presidência, o "Sucatão", em viagens
internacionais. "O "Sucatão" não é
um sucatão. O Boeing-707 é um
avião usado por muitos presidentes. Mas o Brasil tem uma importância estratégica. O comandante
do país merece um avião mais
adequado às suas necessidades."
Na segunda-feira, Baptista deixa seu antigo cargo, presidente do
STM (Superior Tribunal Militar).
Para o seu lugar estão cotados os
ministros militares do STM Sérgio Ferola e João Felipe Lacerda
Junior, segundo Carlos Alberto
Soares, ministro civil do tribunal.
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