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SENADO EM CRISE
Pefelistas avaliam que repressão a manifestantes foi "desastrosa" e lembrou "cenas da época do regime militar"
Protestos aumentam pressão por renúncia
VERA MAGALHÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A escalada de manifestações populares na última semana pedindo a cassação de Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (sem partido-DF)
aumentou a preocupação no comando carlista e fez crescer o coro
dos que defendem a imediata renúncia de ACM.
Interlocutores que conversaram
com o pefelista disseram que ele
ficou "perplexo" e "preocupado"
com a manifestação que reuniu
cerca de 20 mil pessoas em Salvador na última quinta-feira.
O temor dos carlistas é que
ACM perca o patrimônio eleitoral
que garantiria sua volta à política
-no governo ou no próprio Senado- em 2002, se for prolongado o desgaste diário a que o pefelista vem sendo submetido. Nesse
caso, nem a renúncia o salvaria.
Aliados de ACM reviram as
imagens da manifestação e identificaram mais um motivo de preocupação: ela extrapolou segmentos como sindicatos, atingindo os
jovens e a classe média.
A ação da polícia baiana, que reprimiu um protesto na UFBa
(Universidade Federal da Bahia)
na quarta-feira, foi classificada
como "desastrosa" para a imagem de ACM. As cenas do confronto -que foram ao ar em todas as redes de TV e estamparam
a capa dos principais jornais-associaram ACM à repressão. "Pareciam cenas da época do regime
militar", disse um pefelista.
Para vários senadores, o aumento de manifestações aumenta
as chances de cassação de ACM e
Arruda. "Os carlistas deram um
tiro no pé ao ajudar a abafar a CPI.
ACM e Arruda se transformaram
em ícones de tudo que está errado", afirmou o líder da oposição,
José Eduardo Dutra (PT-SE).
Embora na semana passada,
com as manifestações estudantis,
tenha sido possível reviver os "caras-pintadas" que ajudaram no
impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992, a crise do
painel do Senado revelou também novas formas de protesto.
A "manifestação eletrônica"
chegou a causar pane no sistema
de informática da Casa. O protesto "engravatado", protagonizado
pelo PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais), em
forma de pizza, irritou senadores.
Surpresas e vigília
A votação do relatório de Saturnino Braga (PSB-RJ), que pede a
abertura de processo de cassação
contra ACM e Arruda, deve ser
precedida de mais protestos.
Em Salvador, oposicionistas e
entidades estudantis prometem
atrair mais gente que na semana
passada. Em Brasília, estudantes
devem fazer uma vigília na quarta-feira para pressionar os senadores a votar a favor do parecer.
"Sempre digo que o voto dos senadores deve ser de acordo com a
consciência, mas a consciência
também ouve as manifestações",
afirmou o senador Osmar Dias
(PSDB-PR), cujo voto no Conselho de Ética era considerado uma
incógnita até a semana passada.
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