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"Se Serra for o candidato e houver 2� turno, é possível fazer acordo"
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o ex-presidente da Câmara
dos Deputados Michel Temer, o
projeto do PMDB de candidatura
própria a presidente da República
não tem relação com os níveis de
popularidade do governo Fernando Henrique Cardoso.
"A tese independe da popularidade do presidente ou da força do
governo, sem dúvida alguma. A
base diz que está na hora do
PMDB, que o partido tem de tentar", diz Temer.
Ele atribui os rumores de que
seria favorável ao apoio a um candidato do PSDB -provavelmente José Serra- a uma campanha
de desinformação patrocinada
por Orestes Quércia. "Agora, é
evidente que, se Serra for o candidato e lá para frente houver segundo turno, é possível fazer
acordo", afirma.
Folha - O PMDB deve ter candidato próprio à presidência em 2002?
Michel Temer - É fundamental.
Sinto que a maioria dos diretórios
estaduais quer candidatura própria. O PMDB tem de ter candidatura própria, a base do partido
quer. É importante para a sobrevivência do partido e fortalece as
candidaturas a governador.
Folha - O sr. prefere Itamar Franco ou Pedro Simon?
Temer - Só vou revelar minha
predileção depois da convenção.
É verdade que Itamar tem um certo favoritismo, seria mais viável
eleitoralmente. Acho que ele tem
hoje mais peso, embora Simon esteja se mexendo muito.
Folha - A crise energética ajuda a
candidatura Itamar, um crítico das
privatizações?
Temer - Não posso ignorar que
esse dado resulta no crescimento
de quem critica [a privatização do
setor energético". É possível que
Itamar se beneficie desta conjuntura, saia fortalecido, porque ele
bate muito nisso.
Folha - Em 1998, o partido ameaçou lançar Itamar, mas na última
hora acabou apoiando FHC. Por
que hoje o governo não tem mais o
mesmo poder de atração sobre a
base do partido?
Temer - Eu diria o seguinte: em
98, ele [FHC" era presidente. As
coisas foram bem no primeiro
mandato. Isso influenciava. Agora, ele não é mais candidato.
Folha - Há algumas avaliações de
que a crise do apagão marca o fim
de fato do governo FHC. O que o sr.
espera dos últimos 18 meses de
mandato?
Temer - Acredito que o governo
esteja passando por dificuldades.
Isso é inegável. Há o pré-anúncio
de uma queda de popularidade
do governo. Não há dúvida de que
a popularidade do governo está
sendo questionada. Mas é cedo
ainda para fazer uma análise.
Folha - Como o sr. responde a suspeitas de que o seu real interesse
seria levar o partido a apoiar um
candidato do PSDB à Presidência?
Temer - Quércia está espalhando
que eu defenderia algo nesse sentido. Agora, é evidente que, se Serra for o candidato e lá para a frente houver segundo turno, é possível fazer acordo. Mas não há hipótese, neste momento, de eu defender o apoio a Serra no primeiro
turno.
Folha - Nem se a popularidade de
FHC subir?
Temer - A candidatura própria
independe da popularidade do
presidente ou da força do governo. A base diz que está na hora do
PMDB, que temos de tentar.
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