São Paulo, domingo, 20 de maio de 2001

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"Se Serra for o candidato e houver 2� turno, é possível fazer acordo"

DA REPORTAGEM LOCAL

Para o ex-presidente da Câmara dos Deputados Michel Temer, o projeto do PMDB de candidatura própria a presidente da República não tem relação com os níveis de popularidade do governo Fernando Henrique Cardoso.
"A tese independe da popularidade do presidente ou da força do governo, sem dúvida alguma. A base diz que está na hora do PMDB, que o partido tem de tentar", diz Temer.
Ele atribui os rumores de que seria favorável ao apoio a um candidato do PSDB -provavelmente José Serra- a uma campanha de desinformação patrocinada por Orestes Quércia. "Agora, é evidente que, se Serra for o candidato e lá para frente houver segundo turno, é possível fazer acordo", afirma.
 

Folha - O PMDB deve ter candidato próprio à presidência em 2002?
Michel Temer -
É fundamental. Sinto que a maioria dos diretórios estaduais quer candidatura própria. O PMDB tem de ter candidatura própria, a base do partido quer. É importante para a sobrevivência do partido e fortalece as candidaturas a governador.

Folha - O sr. prefere Itamar Franco ou Pedro Simon?
Temer -
Só vou revelar minha predileção depois da convenção. É verdade que Itamar tem um certo favoritismo, seria mais viável eleitoralmente. Acho que ele tem hoje mais peso, embora Simon esteja se mexendo muito.

Folha - A crise energética ajuda a candidatura Itamar, um crítico das privatizações?
Temer -
Não posso ignorar que esse dado resulta no crescimento de quem critica [a privatização do setor energético". É possível que Itamar se beneficie desta conjuntura, saia fortalecido, porque ele bate muito nisso.

Folha - Em 1998, o partido ameaçou lançar Itamar, mas na última hora acabou apoiando FHC. Por que hoje o governo não tem mais o mesmo poder de atração sobre a base do partido?
Temer -
Eu diria o seguinte: em 98, ele [FHC" era presidente. As coisas foram bem no primeiro mandato. Isso influenciava. Agora, ele não é mais candidato.

Folha - Há algumas avaliações de que a crise do apagão marca o fim de fato do governo FHC. O que o sr. espera dos últimos 18 meses de mandato?
Temer -
Acredito que o governo esteja passando por dificuldades. Isso é inegável. Há o pré-anúncio de uma queda de popularidade do governo. Não há dúvida de que a popularidade do governo está sendo questionada. Mas é cedo ainda para fazer uma análise.

Folha - Como o sr. responde a suspeitas de que o seu real interesse seria levar o partido a apoiar um candidato do PSDB à Presidência?
Temer -
Quércia está espalhando que eu defenderia algo nesse sentido. Agora, é evidente que, se Serra for o candidato e lá para a frente houver segundo turno, é possível fazer acordo. Mas não há hipótese, neste momento, de eu defender o apoio a Serra no primeiro turno.

Folha - Nem se a popularidade de FHC subir?
Temer -
A candidatura própria independe da popularidade do presidente ou da força do governo. A base diz que está na hora do PMDB, que temos de tentar.



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