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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Com Lula reeleito, "governo acaba antes de começar", diz Alckmin
Tucano aponta que debates sobre 2010 começarão no dia seguinte em caso de recondução do petista
Abatido pelo resultado do
Datafolha, ex-governador de São Paulo acusou petista de "dividir o país" ao "jogar os pobres contra os ricos"
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia após a pesquisa Datafolha apontar aumento da vantagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo
turno, o candidato do PSDB à
Presidência, Geraldo Alckmin,
afirmou que, caso o petista seja
reeleito, o novo governo "acaba
antes de começar".
"Já fui reeleito, reeleição é
um pouquinho mais do mesmo.
Se o Lula fosse reeleito, com todo o respeito, acaba antes de
começar", disse o tucano, no
início de uma sabatina realizada pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em Brasília.
"Já começa a discutir 2010 no
dia seguinte. Para quê perder
quatro anos?", completou.
A declaração foi feita espontaneamente, no primeiro bloco
da sabatina, reservado para
uma explanação inicial dele.
Abatido pelo resultado da
pesquisa -57% a 38% a favor
de Lula-, o tucano dedicou o
dia para tentar desmentir boatos de que promoveria privatizações caso ganhasse a eleição.
A avaliação do comando de sua
campanha é que a ameaça, classificada como tática de "terrorismo eleitoral", atingiu em
cheio a candidatura.
Para tentar estancar o efeito,
a campanha preparou uma jaqueta para o candidato, com os
logotipos do Banco do Brasil,
dos Correios, da Petrobras e
Caixa Econômica Federal.
Além disso, Alckmin foi à sede da Associação Nacional dos
Funcionários do Banco do Brasil, que tem cerca de 100 mil filiados, vestiu camiseta e boné
do banco, e desabafou: "Quero
desfazer o boato, me sinto até
constrangido de ter que fazê-lo.
Meu programa tem 216 páginas, 30 capítulos, e nenhuma linha que trate de privatização".
Ao longo do dia, o tucano falou quatro vezes sobre o tema.
"O meu adversário privatizou
dois bancos, o Banco do Estado
do Maranhão e o Banco do Ceará. Eu não privatizei nenhum."
Apesar de garantir que não
negociaria estatais, Alckmin
defendeu as privatizações da
gestão Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002). Ele citou
o setor de telefonia e empresas
como a Vale do Rio Doce, Embraer e CSN. "Tanto foram
avanços que o governo não
reestatizou nenhuma delas."
A ofensiva para tentar desfazer o impacto dos boatos de privatizações mobilizou líderes do
PSDB e do PFL. Segundo o comando da campanha, o assunto
será levado à propaganda na TV
e haverá mobilizações da militância numa ação "antiboataria" com panfletagem.
Pobres contra ricos
Em outra frente de ataque,
Alckmin acusou Lula de "dividir o país" e "jogar pobres contra ricos". "O governo não pode
estimular divisão. Aliás, o Lula
foi muito injusto quando ficou
criticando São Paulo, quando
São Paulo o acolheu."
Anteontem, em Manaus
(AM), Lula disse que Alckmin
não conseguiria governar o país
porque "é um paulista com a
cabeça na avenida Paulista".
Ontem, o presidente do
PSDB, senador Tasso Jereissati
(CE), disse que Lula faz um "jogo muito perigoso". "Isso pode
ter conseqüências que não é a
do país irmanado", disse.
O temor pelo acirramento de
uma divisão de classes também
foi abordado pelo presidente da
OAB, Roberto Busato. "Acredito que essa visão é ponto mais
claro e explosivo nesse campo.
Esse clima de divisão não faz
parte do contexto histórico."
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