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Inspetor acusado de torturar jornalistas se entrega à polícia
Odinei Fernando da Silva, apontado como chefe de milícia, nega participação em crime e se diz vítima de perseguição
Davi Liberato de Araújo, acusado pela polícia de ser o segundo na hierarquia do grupo criminoso que atua no Rio, foi preso no dia 4
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO
O inspetor da Polícia Civil
apontado como o chefe da milícia que teria torturado uma
equipe de reportagem do jornal
"O Dia" na favela do Batan (zona oeste do Rio) se entregou
ontem à polícia. Odinei Fernando da Silva, que era considerado pela polícia foragido
desde o último dia 4, negou participação no crime e disse estar
sendo vítima de perseguição,
de acordo com a Draco (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado), que investiga o caso.
Além de Silva, Davi Liberato
de Araújo, apontado pela polícia como o segundo na hierarquia da milícia da favela do Batan, foi preso no último dia 4.
Os dois, segundo a polícia,
participaram da série de torturas aplicadas a uma equipe de
reportagem do jornal "O Dia"
que havia se infiltrado por 14
dias na favela do Batan para fazer reportagem sobre a rotina
dos moradores sob o mando da
milícia. Araújo cumpria pena
em regime semi-aberto por receptação e também negou participação nas torturas.
Ao depor, Silva negou qualquer envolvimento na tortura
dos jornalistas e também afirmou não pertencer à milícia da
favela do Batan, apesar de ter
nascido e crescido lá, segundo a
polícia. Alegou que, na noite em
que a equipe do jornal foi capturada e torturada, ele estava
em uma festa fora da favela.
O inspetor afirmou ainda estar sendo perseguido por um
grupo criminoso ligado ao deputado estadual do Rio Chiquinho da Mangueira (PMDB),
por ter sido responsável por denúncias contra o deputado em
2007, conforme a Draco.
O deputado Chiquinho da
Mangueira negou as acusações
e disse que, em 2003, Silva o
acusou de fazer visitas a presidiários, mas que nunca chegou
a conhecê-lo. "Eu fui aos presídios, mas porque era secretário
de Esportes do Rio e fazíamos
um projeto social em presídios.
Ele está querendo se agarrar a
uma história para desviar o foco do criminoso, que é ele."
Lotado na 22� Delegacia de
Polícia (Penha), o inspetor Silva já respondeu na Justiça por
tentativa de homicídio e chegou a ser citado em relatório da
Anistia Internacional sobre uso
de brutalidade no sistema penitenciário quando era agente
penitenciário, segundo o delegado da Draco Cláudio Ferraz,
que investiga o caso.
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