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Preso pela 2� vez, prefeito de Juiz de Fora renuncia
Bejani é acusado de integrar esquema de corrupção; vice assume e demite 3 secretários
Petebista deixa cargo para tentar salvar seus direitos políticos, mas Câmara quer que o Ministério Público peça sua cassação à Justiça
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM BELO HORIZONTE
Da penitenciária na região
metropolitana de Belo Horizonte onde está preso sob a suspeita de corrupção, Carlos Alberto Bejani (PTB) renunciou
ontem ao cargo de prefeito de
Juiz de Fora (MG) para tentar
salvar seus direitos políticos.
Sua carta-renúncia chegou
pela manhã à Câmara Municipal, que estava pronta para instaurar um processo de cassação. O vice-prefeito José
Eduardo Araújo (PR) assumiu
a prefeitura e demitiu três dos
principais auxiliares de Bejani.
A Câmara aprovou por unanimidade um relatório a ser enviado ao Ministério Público Estadual para abertura de inquérito civil, com o pedido de cassação dos direitos políticos de
Bejani -como ele renunciou, a
Câmara não pode mais abrir
processo contra ele.
Entre os demitidos por Araújo está Ricardo Francisco Monteiro, irmão do deputado federal cassado Roberto Jefferson,
presidente nacional do PTB.
Monteiro se tornou secretário de Gestão Estratégica e Planejamento devido a um pedido
de Jefferson a Bejani, conforme o próprio ex-deputado relatou a uma rádio de Juiz de Fora
há três anos, no auge do escândalo do mensalão -Jefferson é
réu no processo desse caso.
Além de Monteiro, foram demitidas a secretária da Saúde e
braço direito de Bejani, Maria
Aparecida Soares, e a mulher
do ex-prefeito e secretária da
Política Social, Vanessa Bejani,
que, ao saber da decisão, entregou uma carta de demissão.
O novo prefeito não quis entrar no mérito das acusações
contra Bejani nem comentar as
mudanças imediatas em alguns
postos-chave na prefeitura, especialmente em relação às demissões. "Já estão fora", disse.
Mais mudanças, segundo
Araújo, devem ocorrer nos próximos dias, tendo em vista serem 25 os cargos de confiança
entre secretarias e superintendências. "Vamos tirando, muita
coisa vai mudar", afirmou ele,
que disse, no entanto, não haver problemas de corrupção
dentro da máquina da prefeitura. "Isso é um caso isolado, os
funcionários são corretos."
Bejani foi preso pela Polícia
Federal na última quinta, pela
segunda vez. Ele faz parte de
uma lista de acusados de envolvimento em esquema de desvio
de recursos de prefeituras. Na
primeira vez que foi preso, em
abril, a PF apreendeu na sua casa R$ 1,12 milhão em dinheiro.
Na ocasião, a PF encontrou
em seu gabinete duas gravações
que mostram Bejani recebendo
maços e pacotes de dinheiro de
um empresário de ônibus, também preso. Em uma delas, Bejani fala de suposto encontro
com o ex-ministro José Dirceu
(PT) para tratar de convênio de
R$ 70 milhões, o que geraria
"comissão de R$ 7 milhões". A
PF decidiu apurar o caso. Dirceu nega envolvimento no caso.
O órgão, porém, confirmou
que investiga o contrato com o
Ministério das Cidades e que
pedirá que Dirceu seja ouvido
por meio de carta precatória.
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