|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TERCEIRO TURNO
Pela legislação, entidades são proibidas de contribuir; PT diz que houve "falha de planejamento" nas contas
Sindicatos doaram dinheiro à campanha de Benedita
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
A prestação de contas da governadora do Rio e ministeriável Benedita da Silva (PT) mostra que
ela recebeu dinheiro de entidades
sindicais. Esse tipo de doação é
ilegal. Desrespeita o artigo 24 da
Lei 9.504/97, que estabelece normas para as eleições.
Benedita, que tentava a reeleição, recebeu recursos do Sinttel
(Sindicato dos Trabalhadores em
Empresas de Telecomunicações)
e do Seac (Sindicato das Empresas
de Asseio e Conservação do Estado do Rio). No total, os dois sindicatos doaram R$ 3.000.
A prestação de contas da candidata foi obtida pela Folha na página oficial do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O TRE (Tribunal
Regional Eleitoral) do Rio ainda
não divulgou os dados.
Apesar de o prazo final para julgamento das contas dos candidatos ter expirado na semana passada, o tribunal pediu mais informações ao PT.
Para o especialista em direito
eleitoral Murilo Heusi, Benedita
poderá responder por abuso de
poder econômico. Se for condenada, ela fica inelegível e seu partido perde o direito ao recebimento de quotas do Fundo Partidário
que pode receber no ano que vem.
O advogado Luiz Paulo Viveiros
de Castro, do PT, disse que houve
erro na contabilidade das doações
dos dois sindicatos. Segundo ele,
o partido organizou jantares de
adesão à campanha de Benedita,
em que diretores dos sindicatos
pagaram suas cotas com cheques
em nome das entidades sindicais.
O Sinttel deu R$ 2.000. O Seac
doou R$ 1.000.
"Isso foi uma falha de planejamento", afirmou o advogado Viveiros de Castro.
Segundo ele, o mesmo aconteceu com a prestação de contas de
Luiz Inácio Lula da Silva, aprovadas com ressalvas pela ministra-relatora Ellen Grace, do TSE. "Vamos usar a argumentação da
Ellen Grace. Trata-se de um percentual irrisório sobre o total dos
gastos de campanha", disse.
Rosinha
A governadora eleita, Rosinha
Matheus (PSB), que teve as contas
aprovadas sem ressalvas, foi a
candidata que fez a campanha
mais cara. Ela gastou R$ 3.470.600
e arrecadou R$ 3.479.229,91. A sobra de R$ 8.629, 91, como ordena
a legislação, irá para o fundo partidário do PSB.
A Gerdau S/A, do setor siderúrgico, foi a maior doadora individual da campanha de Rosinha.
Doou R$ 500 mil. A Star One, operadora de telefonia americana e
prestadora de serviços à Embratel, vem em segundo, com R$ 300
mil, seguida da Recofarma, do ramo farmacêutico, com R$ 200
mil. Empresas do setor naval, que
se recuperou na gestão de Anthony Garotinho, marido de Rosinha, deram R$ 196.250.
Benedita foi a única candidata
que apresentou déficit na prestação de contas, no valor de R$
947,85. A dívida será assumida
pelo partido. Ela arrecadou R$
2.660.644,77 e gastou na campanha R$ 2.661.592,62.
A principal fonte de arrecadação da petista veio de empreiteiros -19 construtoras e empresas
de engenharia doaram R$
904.966,67 (34% do total). A
maior doação individual foi da
Construtora OAS. César Araújo
Mata Pires, genro do senador eleito Antônio Carlos Magalhães
(PFL-BA), é um dos sócios majoritários da empresa.
Benedita também arrecadou
boa parte de seus recursos por
meio da comercialização de bens
e realização de eventos. Com a
venda de produtos de campanha,
dois jantares e um show foram
obtidos R$ 719 mil. A Minister Express Editora de Impressos, uma
das maiores gráficas do Rio, doou
R$ 432 mil. Desse valor, R$ 80 mil
vieram por meio de fornecimento
de produtos e serviços necessários à campanha.
Texto Anterior: Acordo Lula-FHC troca cúpula do Sebrae Próximo Texto: Disputa: PT e prefeito mineiro rivalizam por estátua Índice
|