São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Após negociar com o PT, Planalto indica assessor de Pedro Parente para a presidência da entidade por 2 anos

Acordo Lula-FHC troca cúpula do Sebrae

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A 18 dias de deixar a Presidência da República, Fernando Henrique Cardoso acaba de indicar o atual secretário-executivo da Casa Civil, Silvano Gianni, para a presidência do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) para o biênio 2003/04.
Gianni está no governo FHC desde o início do primeiro mandato, é o homem do Planalto que cuida dos atos, projetos e medidas provisórias e é, inclusive, frequentador do Alvorada. Seu atual chefe direto é o ministro Pedro Parente.
A escolha da nova diretoria do Sebrae, cujo orçamento deste ano é de R$ 1,33 bilhão, foi articulada entre FHC e o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. O intermediador foi o futuro chefe da Casa Civil e homem forte do governo PT, José Dirceu.

Exigências e concessões
Na negociação, Dirceu vetou a permanência do atual presidente da entidade, Sérgio Moreira, ex-deputado, ex-presidente da extinta Sudene e da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) e também muito ligado aos tucanos, como Gianni.
Em compensação, o PT abriu mão da indicação do arquiteto Tom Rabello, ex-secretário de Indústria e Comércio do governo Cristovam Buarque (DF).
Exigiu, porém, o segundo cargo da hierarquia do Sebrae, a diretoria administrativa e financeira, que cuida das verbas da entidade, para um homem diretamente ligado ao presidente eleito. É Paulo Okamotto, atual presidente do Instituto da Cidadania, órgão do PT e importante base de Lula nos últimos anos.
O futuro diretor técnico do Sebrae, Luiz Carlos Barboza, foi indicado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Ele é do Instituto da Hospitalidade, uma organização não-governamental que trata de cultura, educação e saúde, entre outros temas.

Acordo prévio
A eleição formal da nova diretoria foi na sexta-feira passada, por unanimidade, mas tudo estava previamente acertado entre o governo que sai, o que entra e os representantes das confederações. Só a atual diretoria foi excluída dos acertos.
Apesar de ser uma entidade privada, o Sebrae é e sempre foi fortemente controlado pelos governos em exercício.
Dos 13 votos para a eleição da diretoria, cinco são definidos por órgãos federais: Ministério do Desenvolvimento, BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Finep.
Os demais votos são distribuídos entre as confederações (4), entidades ligadas a ciência e tecnologia (2), a associação dos Sebraes estaduais (1) e o presidente do conselho do Sebrae, Armando Monteiro (também CNI).
Além da CNI, as outras confederações com direito a voto são CNA (Agricultura), CNC (Comércio) e a CACB (das associações comerciais do Brasil).

Papel político
Uma das principais funções do Sebrae é financiar e promover projetos de micro e pequenas empresas, de preferência os que tenham caráter inovador. Como tem recursos milionários e ramificações em todo o país, exerce um forte papel político.


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