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TRANSIÇÃO
Após negociar com o PT, Planalto indica assessor de Pedro Parente para a presidência da entidade por 2 anos
Acordo Lula-FHC troca cúpula do Sebrae
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A 18 dias de deixar a Presidência
da República, Fernando Henrique Cardoso acaba de indicar o
atual secretário-executivo da Casa
Civil, Silvano Gianni, para a presidência do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) para o biênio
2003/04.
Gianni está no governo FHC
desde o início do primeiro mandato, é o homem do Planalto que
cuida dos atos, projetos e medidas
provisórias e é, inclusive, frequentador do Alvorada. Seu atual chefe
direto é o ministro Pedro Parente.
A escolha da nova diretoria do
Sebrae, cujo orçamento deste ano
é de R$ 1,33 bilhão, foi articulada
entre FHC e o presidente eleito,
Luiz Inácio Lula da Silva. O intermediador foi o futuro chefe da
Casa Civil e homem forte do governo PT, José Dirceu.
Exigências e concessões
Na negociação, Dirceu vetou a
permanência do atual presidente
da entidade, Sérgio Moreira, ex-deputado, ex-presidente da extinta Sudene e da Chesf (Companhia
Hidrelétrica do São Francisco) e
também muito ligado aos tucanos, como Gianni.
Em compensação, o PT abriu
mão da indicação do arquiteto
Tom Rabello, ex-secretário de Indústria e Comércio do governo
Cristovam Buarque (DF).
Exigiu, porém, o segundo cargo
da hierarquia do Sebrae, a diretoria administrativa e financeira,
que cuida das verbas da entidade,
para um homem diretamente ligado ao presidente eleito. É Paulo
Okamotto, atual presidente do
Instituto da Cidadania, órgão do
PT e importante base de Lula nos
últimos anos.
O futuro diretor técnico do Sebrae, Luiz Carlos Barboza, foi indicado pela CNI (Confederação
Nacional da Indústria). Ele é do
Instituto da Hospitalidade, uma
organização não-governamental
que trata de cultura, educação e
saúde, entre outros temas.
Acordo prévio
A eleição formal da nova diretoria foi na sexta-feira passada, por
unanimidade, mas tudo estava
previamente acertado entre o governo que sai, o que entra e os representantes das confederações.
Só a atual diretoria foi excluída
dos acertos.
Apesar de ser uma entidade privada, o Sebrae é e sempre foi fortemente controlado pelos governos em exercício.
Dos 13 votos para a eleição da
diretoria, cinco são definidos por
órgãos federais: Ministério do Desenvolvimento, BNDES, Banco
do Brasil, Caixa Econômica Federal e Finep.
Os demais votos são distribuídos entre as confederações (4),
entidades ligadas a ciência e tecnologia (2), a associação dos Sebraes estaduais (1) e o presidente
do conselho do Sebrae, Armando
Monteiro (também CNI).
Além da CNI, as outras confederações com direito a voto são
CNA (Agricultura), CNC (Comércio) e a CACB (das associações comerciais do Brasil).
Papel político
Uma das principais funções do
Sebrae é financiar e promover
projetos de micro e pequenas empresas, de preferência os que tenham caráter inovador. Como
tem recursos milionários e ramificações em todo o país, exerce um
forte papel político.
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