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Para procurador, foro vai gerar impunidade
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Conamp (Associação dos Membros do Ministério Público), Marfan Martins
Vieira, disse que o foro especial
implicará impunidade de agentes
políticos e afirmou que a entidade
entrará com ação direta de inconstitucionalidade no Supremo
Tribunal Federal no dia seguinte à
eventual sanção de projeto de lei
com esse teor.
Vieira afirma que o foro vai
transferir todas as ações de improbidade das mãos de promotores e procuradores de todo o país
-que são milhares- para apenas 30 procuradores-gerais -26
nos Estados e quatro na esfera da
União.
A seguir, os principais trechos
da entrevista concedida à Folha:
Folha - Por que há tanta resistência ao foro especial para ações de
improbidade administrativa e para
ex-autoridades?
Marfan Vieira - O foro é ruim,
porque concentra o processamento e o julgamento de ações
penais e civis de improbidade
contra determinados agentes políticos em tribunais cujos integrantes têm investidura política
(são nomeados por políticos).
Além disso, o foro da ação de
improbidade retira das mãos de
procuradores e promotores, que
são milhares em todo o país e que
agem de maneira muito mais independente, a fiscalização e a responsabilização dos maus gestores
da administração pública.
Os prefeitos municipais são a
grande massa que será beneficiada com esse foro especial.
A concentração vai levar a persecução às mãos de 26 procuradores-gerais de Justiça, na esfera dos
Estado, e outros quatro na esfera
da União, o que na prática significará impunidade.
Folha - Por que a Lei da Mordaça
também tem resistência?
Vieira - Pela mesma razão. O sistema de cooperação hoje existente entre o Ministério Público e a
imprensa permite a responsabilização de agentes políticos que até
pouco tempo estavam à margem
da lei.
Muitos agentes ficaram incomodados com essa parceira. O
projeto, de 1996, estava praticamente paralisado. No apagar das
luzes deste governo, volta com toda a velocidade, deixando todos
nós perplexos.
Folha - O sr. concorda que houve
excessos por parte do Ministério
Público nos últimos anos?
Vieira - É evidente que há excessos, como em qualquer atividade.
Mas já existem mecanismos para
coibir os responsáveis. Não tem
sentido que, por causa de meia
dúzia de fatos, queiram tolher a
atuação de toda uma instituição,
de defesa social reconhecida por
todos.
Folha - Se aprovados por lei o foro
especial e a mordaça, que providências a Conamp irá tomar?
Vieira - Entraremos no dia seguinte à sanção com uma ação direta de inconstitucionalidade no
Supremo Tribunal Federal questionando a sua validade jurídica.
(SF)
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