São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2000


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ELEIÇÕES
PDT faria reunião neste fim-de-semana para decidir se terá nome para disputar Prefeitura do Rio
Garotinho pressiona e decisão é adiada

da Sucursal do Rio

O governador do Rio, Anthony Garotinho, venceu ontem uma batalha da disputa interna que divide o PDT fluminense. Ele conseguiu que o grupo liderado por Leonel Brizola, presidente nacional do PDT, aceitasse o adiamento da reunião do Diretório Regional do Rio que iria ratificar a decisão de lançar candidato próprio à Prefeitura do Rio.
Em troca, Garotinho suspendeu reunião convocada para amanhã em que pretendia criar uma tendência dentro do partido de oposição a Brizola. Segundo o governador, a reunião tinha como objetivo buscar a democratização do partido.
Na reunião de sete horas do Conselho Político do PDT do Rio -três das quais com a participação do governador- durante o dia de ontem, Garotinho chegou a ameaçar com a entrega do seu cargo ao partido como forma de pressão para conseguir o que pretendia.
As três horas de reunião do Conselho Político que contaram com a presença de Garotinho foram tensas e com intervenções ríspidas tanto do governador como de Brizola e de outros participantes. Houve várias agressões verbais. Garotinho foi chamado de traidor e cínico.

Sangue de barata
"Vocês não sabem o que aconteceu lá dentro. É um jogo de cartas marcadas. Eu não tenho sangue de barata", disse Garotinho a militantes que pediam sua volta à reunião do conselho quando ele decidiu abandoná-la no meio.
O acordo entre as partes não saiu na reunião do Conselho Político, mas em negociação direta, no Palácio Guanabara, entre Garotinho e uma pequena comissão que falou em nome de Brizola. Feito o acordo de adiamento das reuniões, a decisão foi referendada pelo Conselho Político.
No final do dia, Brizola classificou o acordo como um "quarto intermédio". Segundo ele, é uma expressão uruguaia que significa um intervalo no qual "tudo passa para a sala do café para conversar e trocar idéias".
A reunião do Conselho Político, uma instância mais restrita da direção regional do PDT, foi convocada no final da tarde de quinta-feira para tentar uma saída diante da iminência de uma ruptura partidária.
A reunião do diretório seria para ratificar ou não, pelo voto nominal, a decisão tomada em outra reunião do mesmo diretório, realizada no dia 14 de janeiro, de o PDT lançar candidato próprio à Prefeitura do Rio nas eleições deste ano.

Benedita
Brizola, que é candidato a candidato do PDT à Prefeitura do Rio, disse que a reunião de janeiro continua valendo e deve ser ratificada em reunião a ser marcada para as próximas semanas.
Garotinho é contra a candidatura própria, argumentando que em 1998 foi feito um acordo entre o PDT e o PT para apoiá-lo para governador.
Em troca, o PDT deveria agora apoiar a candidatura da petista Benedita da Silva, vice na chapa que elegeu Garotinho, à Prefeitura do Rio.
Desde então, Brizola e Garotinho vêm trocando acusações. Garotinho afirma que Brizola está faltando com a palavra dada ao PT e este afirma que nunca fez o tal acordo.
As discussões, que servem de pano de fundo à disputa entre Garotinho e Brizola pela liderança do partido, passaram para a troca de agressões. Garotinho acusou Brizola de estar trabalhando para expulsá-lo do PDT. Ontem, Brizola negou que tenha essa intenção.


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