|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CASO BADAN PALHARES
Movimento de conta não permite conclusão de ilegalidade
Para especialistas,
comissão se precipitou em acusações
da Reportagem Local
A simples verificação dos valores movimentados na conta
corrente de uma pessoa não
permite nenhuma conclusão
sobre a legalidade das operações
financeiras realizadas por ela, de
acordo com especialistas ouvidos pela Folha.
Na última quarta-feira, o deputado Pompeo de Mattos
(PDT-RS), sub-relator da CPI
no Narcotráfico, divulgou que o
médico-legista Fortunato Badan Palhares retirou R$ 2,7 milhões de quatro contas correntes
suas, entre o fim de 95 e o fim de
99. De acordo com os advogados de Badan, seus rendimentos
no período foram inferiores a
R$ 1 milhão.
O sub-relator havia declarado
que os extratos bancários do
médico-legista indicavam "uma
movimentação incompatível,
de dinheiro de procedência duvidosa, o que caracterizaria
enriquecimento ilícito".
O médico-legista divulgou nota segundo a qual ele teria recebido em sua conta pessoal depósitos da Unimed de Campinas
destinados ao pagamento de
serviços realizados por um laboratório do qual é sócio. A Unimed nega ter cometido um erro.
Badan diz ainda que aplicações
financeiras foram consideradas
como retiradas.
Para o advogado Paulo de
Souza Campos Filho, especialista em direito comercial, a conclusão da CPI é precipitada.
"Sozinho, o exame da movimentação financeira de uma
conta não permite a conclusão
de que houve a percepção de valores sem origem lícita", afirma.
Para ele, a justificativa apresentada pode ser plausível. "Só
uma auditoria poderá verificar
se essa versão é verdadeira ou
falsa. Se for verdadeira, ela pode
justificar a movimentação e
comprovar a inexistência de irregularidades nas contas", diz.
Campos Filho lembra que nas
épocas de hiperinflação, os bancos retiravam dinheiro das contas no final do expediente, aplicavam no overnight e o devolviam pela manhã. "As contas
apresentavam uma movimentação extraordinária. Mas não
havia necessariamente "dinheiro novo" sendo movimentado".
O advogado Marcos Joaquim
Gonçalves Alves, especialista
em Imposto de Renda, diz que
"a simples movimentação financeira não permite nenhuma
conclusão sobre eventual ilicitude dos valores movimentados".
Para ele, seria necessário a CPI
verificar a origem e o destino do
dinheiro movimentado para
poder concluir se as operações
de Badan foram lícitas ou não.
"Se estiver tudo declarado à Receita, não há o que discutir."
Sob o compromisso de não ter
seu nome revelado, o diretor-geral de um banco paulistano
disse que as instituições deveriam checar as contas que têm
altas movimentações financeiras, mas, segundo ele, não existem mecanismos para que isso
seja verificado. Ele diz que a
conclusão da CPI sobre eventual procedência duvidosa do
dinheiro movimentado por Badan pode ser precipitada.
Texto Anterior: Demissão: Greca exonera assessora para ter apoio Próximo Texto: Eleições: Garotinho pressiona e decisão é adiada Índice
|