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CONTAS PÚBLICAS
Assessor do FMI agora afirma que não conhecia detalhes do projeto e nega "riscos macroeconômicos"
Pérez recua em críticas contra fundo
Lula Marques - 2.jul.99/Folha Imagem
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Lorenzo Pérez, representante no Brasil do Fundo Monetário Internacional, criticado por Malan |
SÍLVIA MUGNATTO
da Sucursal de Brasília
O representante do FMI (Fundo
Monetário Internacional) no Brasil, Lorenzo Pérez, recuou ontem
nas críticas que fez quinta-feira ao
Fundo de Combate e Erradicação
à Pobreza, que está sendo votado
pelo Congresso Nacional.
"Minhas considerações sobre o
Fundo de Combate e Erradicação
da Pobreza foram emitidas antes
de eu ter tido a oportunidade de
conhecer detalhadamente a proposta de criação de tal fundo; e
com base nas informações sobre a
forma como o fundo será operacionalizado, fornecidas posteriormente pelo Ministério da Fazenda, não acredito que sua implementação envolva riscos macroeconômicos", disse Pérez, em nota
divulgada na tarde de ontem.
Pela manhã, em entrevista por
telefone, Pérez afirmou à Folha
que iria "passar um tempo" sem
comentar novamente assuntos
relativos à economia brasileira.
"Não devo fazer comentários
sobre uma coisa (fundo de combate à pobreza) que ainda está tramitando no Congresso. Ainda
mais depois de toda a repercussão
que aconteceu no governo brasileiro", afirmou.
Na quinta-feira, Pérez disse à
agência de notícias Dow Jones
que o fundo de combate à pobreza cria um ""precedente perigoso",
ao prever o uso de recursos da
privatização de estatais em projetos sociais. Hoje, os recursos são
totalmente destinados ao abatimento da dívida pública.
As críticas resultaram em uma
nota do ministro da Fazenda, Pedro Malan. O ministro disse que
esse assunto não é "tema do
FMI", mas uma "prerrogativa exclusiva" dos Poderes Executivo e
Legislativo brasileiros.
Ontem, o porta-voz da Presidência da República, Georges Lamazière, disse que a posição manifestada por Malan é a posição
do governo. "O governo não pensa em fazer nenhum gesto adicional à manifestação do Ministério
da Fazenda", disse o porta-voz,
sobre a reação de parlamentares,
que chegaram a propor a expulsão de Pérez do país (leia texto na
pág. 1-4).
Telefonema
A Folha apurou que o que mais
descontentou Malan foi o desconhecimento revelado por Pérez
sobre o fundo.
Ao meio-dia de quinta-feira,
conforme a Folha apurou, Pérez
telefonou para o secretário-executivo do Ministério da Fazenda,
Amaury Bier, para obter informações sobre o fundo. A entrevista à
agência de notícias aconteceu antes dessa conversa.
Bier explicou o funcionamento
do fundo e disse a Pérez que o mecanismo que vincula o uso dos recursos de privatização ao combate à pobreza só entrará em vigor
em 2002, quando o acordo com o
Fundo já terá expirado.
O Brasil se comprometeu com
um programa de ajuste fiscal entre os anos de 1999 e 2001 para ter
direito a receber US$ 41,5 bilhões
nesse período.
Pérez, que é cubano naturalizado norte-americano, veio para o
Brasil há cerca de um ano justamente para facilitar o relacionamento entre o país e o Fundo. Nas
missões trimestrais que avaliam o
cumprimento das metas com o
FMI, Pérez faz parte do grupo
chefiado pela economista Tereza
Ter-Minassian.
Entre os assessores do ministro
Malan, o comentário ontem era
sobre a origem do fundo de combate à pobreza. O presidente do
Congresso, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), levou à
frente a idéia depois que o próprio
diretor-gerente do FMI, Michel
Camdessus, colocou a pobreza
mundial em pauta na reunião
anual do Fundo, no segundo semestre do ano passado.
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