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Grau de dependência é menor do que há um ano
GUSTAVO PATÚ
Secretário-assistente de Redação
O grau de dependência do país
em relação ao FMI (Fundo Monetário Internacional), hoje, é muito
menor que há um ano, quando o
apoio do organismo era a única
forma de obter dólares e fechar as
contas com o resto do mundo.
No início de 1999, o governo havia acabado de realizar uma maxidesvalorização do real que antes
prometera não promover. Sua dívida externa crescia na mesma
proporção em que caía sua credibilidade.
O acordo com o FMI garantia
um socorro de US$ 32,5 bilhões
-cerca de US$ 18 bilhões do próprio Fundo, e o resto, dos países
industrializados- e mais US$ 9
bilhões em financiamentos do
Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
O pacote serviria, primeiro, para honrar compromissos externos no ano, algo como US$ 60 bilhões, e, depois, para segurar as
altas do dólar e da inflação.
De lá para cá, as coisas correram
mais favoravelmente que o esperado. Os preços não dispararam, e
não houve a recessão projetada
no acordo com o Fundo.
Para este ano, espera-se que as
exportações superem as importações pela primeira vez desde 94. O
déficit nas transações com o exterior poderá ser coberto com investimento externo na compra ou
na criação de empresas no país.
O governo acha que não precisará de todo o dinheiro do acordo
com o FMI. Dos recursos de socorro, foram US$ 20,2 bilhões tomados e US$ 8 bilhões já pagos.
Ainda no ano passado, anunciou-se que o acordo, que termina
em 2001, não será renovado. O
ano eleitoral de 2002, pelos planos
oficiais, transcorrerá com menor
restrição no Orçamento.
Essa relativa melhora -que pode muito bem ser dissipada se
houver, por exemplo, uma nova
instabilidade internacional- faz
com que, no Executivo e no Legislativo, cresça a vontade de se libertar das imposições de austeridade do FMI.
Mesmo na Fazenda e no Banco
Central, tradicionais defensores
do controle fiscal e monetário,
avalia-se que a cartilha do FMI
não precisa ser seguida tão à risca.
Não há grande preocupação,
por exemplo, com a possibilidade
de descumprir as metas trimestrais de inflação, desde que os limites para o ano -de 4% a 8%-
sejam respeitados.
Apesar de coincidências em várias posições, Fazenda e FMI não
são aliados de longa data. Em 94,
quando Fernando Henrique Cardoso era o ministro, o Fundo negou apoio ao acerto da dívida externa, base para o Plano Real.
Ninguém imagina, é claro, uma
ruptura. Mas pode-se aproveitar a
ocasião para dar algumas mostras
de independência em relação ao
organismo.
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