São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONTAS PÚBLICAS
ACM critica Lorenzo Pérez, e Dirceu pede sua expulsão
PT e PFL pedem saída de assessor do FMI do cargo

da Sucursal de Brasília

O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), defendeu ontem que o governo "examine" a possibilidade de expulsão do representante do FMI (Fundo Monetário Internacional) no país, Lorenzo Pérez. O pedido de expulsão foi feito pelo presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), em carta ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
ACM disse que Pérez, ao criticar a criação do Fundo de Combate à Pobreza, "mostrou que não tem competência para exercer qualquer função".
O presidente do Senado considerou as declarações do representante do FMI uma "intromissão indébita" em assuntos internos do Brasil. "Foi de uma ousadia ilimitada", afirmou.
Pérez havia entendido que o fundo usaria recursos da privatização para o combate à pobreza, o que não é verdade. Ontem, reconheceu ter criticado a idéia sem ter lido o projeto (leia texto na página seguinte).
Para José Dirceu, as declarações do representante do FMI "são incompatíveis com sua permanência em nosso país". Na carta a FHC, o petista disse que as posições de Pérez "ferem formalmente nossa Constituição e soberania" e pediu sua "imediata expulsão" do território brasileiro.
O presidente do PT também enviou a carta a ACM, ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), ao Ministério das Relações Exteriores e às comissões de Relações Exteriores da Câmara e do Senado.
ACM elogiou a reação do ministro da Fazenda, Pedro Malan, que divulgou nota criticando o representante do FMI, mas não descartou a expulsão. "É uma coisa a ser examinada, do ponto de vista legal e do convívio entre os países. Não posso assumir essa posição, é o Executivo que deve assumi-la."
As reações às declarações de Pérez dominaram ontem os debates no Senado sobre a proposta de criação do fundo. Ontem foi a primeira das cinco sessões destinadas à discussão da emenda, antes da votação em primeiro turno.
O presidente do PMDB, senador Jader Barbalho (PA), considerou as declarações de Pérez "um sinal de ingerência" do representante do FMI em assuntos internos do país. Para ele, a resposta do governo foi "firme".
ACM e o relator, senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), têm mostrado disposição de negociar com a oposição mudanças na proposta, para facilitar a aprovação.
"Temos inimigos muito fortes, inclusive o FMI. Vamos nos unir para fortalecer o projeto", disse Alcântara. A oposição critica a emenda por não definir critérios para aplicação dos recursos do fundo. A senadora Heloisa Helena (PT-AL) defende que 75% dos recursos do fundo sejam repassados diretamente à população.
A oposição também é contra a chamada "emenda Malan" ao projeto, segundo a qual os rendimentos dos recursos das privatizações serão integralmente utilizados para o pagamento das dívidas da União.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Grau de dependência é menor do que há um ano
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.