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Advogado de publicitário também é procurador da Assembléia de MG
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Contratado pelo publicitário
Marcos Valério de Souza para defendê-lo da onda de denúncias
envolvendo o pagamento de
"mensalão", o advogado Marcelo
Leonardo, 50, é procurador da
Assembléia Legislativa de Minas
Gerais, instituição que tem contrato de publicidade com a SMPB
Comunicação, uma das empresas
das quais Valério é sócio.
O contrato com a Assembléia
que a SMPB divide com outra
agência, a Perfil Promoções e Publicidade, teve valor original de
R$ 8 milhões. Por meio de aditivo
de 25% -máximo permitido pela lei em vigor-, passou para
R$ 10 milhões. A licitação, de
maio de 2002, está sendo questionada pelo deputado Sávio Souza
Cruz (PMDB).
Em requerimentos protocolados na semana passada na Assembléia, Souza Cruz pede informações sobre a licitação, como
cópia do contrato, dados sobre
valores pagos e empenhos (reservas de gastos). Pede ainda esclarecimentos sobre eventuais serviços
prestados à instituição por Valério ou suas empresas antes da
contratação da SMPB.
Caso a apuração identifique irregularidades, a Procuradoria da
Assembléia Legislativa mineira
-que tem Leonardo entre seus
quadros- pode ser instada a
acionar a SMPB e seus sócios. Para Souza Cruz, a situação é, no mínimo, "constrangedora".
A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público do Ministério
Público mineiro está abrindo inquérito civil para apurar eventuais atos de improbidade administrativa decorrentes da contratação de Leonardo por Valério.
Leonardo, que presidiu a seção
mineira da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de 1998 a 2003,
é funcionário concursado da Assembléia desde 1973, trabalho pelo qual recebe cerca de R$ 10 mil
mensais, conforme apurou a Folha. Em férias desde o mês passado, ele afirmou que não sabia do
contrato entre a SMPB e o Legislativo mineiro.
O advogado de Valério disse
não ver problemas éticos nem legais em trabalhar para o publicitário. "A advocacia que eu faço resulta de permissão constitucional
para todos os procuradores que
ingressaram na carreira antes da
Constituição de 1988", disse.
Impedimento
Na hipótese de um litígio judicial entre a Assembléia e Valério,
Leonardo disse que declararia seu
impedimento para atuar.
O secretário-geral da OAB em
Minas, João Henrique Café, disse
que, pela lei, Leonardo está impedido de atuar apenas contra o Estado de Minas Gerais. Segundo
Café, enquanto não houver o interesse processual do Estado ou da
Assembléia nas causas em que
Leonardo defende Valério, não há
desvio ético nem legal na atuação
do advogado criminalista.
Valério foi apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ),
como operador do "mensalão",
suposto esquema de pagamento
de mesada a deputados da base de
apoio do governo. Desde que o escândalo estourou, Valério foi envolvido em novas denúncias, como a de sonegação de impostos.
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