São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ MALA SUSPEITA

Diretório estadual do CE tenta desvincular-se dos R$ 437 mil que Adalberto Vieira, ex-assessor do irmão de Genoino, carregava

PT cearense nega ser destino de dinheiro apreendido em SP

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

A presidente do PT no Ceará, Sônia Braga, tentou desvincular ontem o diretório local como destino do dinheiro encontrado com o também petista José Adalberto Vieira da Silva, preso na sexta-feira em São Paulo quando tentava embarcar para Fortaleza com R$ 200 mil numa bolsa e US$ 100 mil escondidos na cueca (R$ 437 mil).
Segundo a petista, o diretório estadual não conta com muitos recursos e ficou com o fundo partidário retido durante seis meses, voltando a recebê-lo só agora. "Somos um partido pobre, que faz campanhas modestas, nunca houve nada de remessa ilegal de dinheiro para cá", disse. "É necessário apurar, porque tem de haver alguma explicação."
Ela convocou para hoje uma reunião da executiva estadual, para decidir o afastamento de Adalberto da função de secretário de organização do diretório.
Além de dirigente do PT cearense, Adalberto trabalhava desde 2001 como assessor parlamentar do deputado estadual José Nobre Guimarães, irmão do ex-presidente do PT José Genoino. Anteontem, Guimarães, que é líder da bancada petista na Assembléia Legislativa no Ceará, anunciou a exoneração do funcionário.
Nobre Guimarães nega que soubesse que Adalberto estava em São Paulo e que tenha alguma idéia sobre a origem e o destino do dinheiro. Guimarães estava na capital paulista para participar da reunião do Diretório Nacional do PT, do qual deve se licenciar.
Sônia Braga disse que encontrou Adalberto na cantina do PT, em Fortaleza, na quarta-feira, e que ele havia dito que iria para casa, em Aracati (a 140 km de Fortaleza), sem mencionar nenhuma viagem a São Paulo.
"Estou assombrada porque o Adalberto sempre foi um companheiro íntegro", disse Braga.
Antes de trabalhar com Guimarães, Adalberto era professor da rede municipal de Aracati. Ele disputou uma vaga de vereador em 2000, mas teve só 215 votos.
Quando foi preso, ele disse à PF que era agricultor e que havia obtido o dinheiro com a venda de sua produção de melões. Segundo os próprios companheiros de partido, sua única atividade profissional era a política.

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