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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ MALA SUSPEITA
Diretório estadual do CE tenta desvincular-se dos R$ 437 mil que Adalberto Vieira, ex-assessor do irmão de Genoino, carregava
PT cearense nega ser destino de dinheiro apreendido em SP
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
A presidente do PT no Ceará,
Sônia Braga, tentou desvincular
ontem o diretório local como destino do dinheiro encontrado com
o também petista José Adalberto
Vieira da Silva, preso na sexta-feira em São Paulo quando tentava
embarcar para Fortaleza com R$
200 mil numa bolsa e US$ 100 mil
escondidos na cueca (R$ 437 mil).
Segundo a petista, o diretório
estadual não conta com muitos
recursos e ficou com o fundo partidário retido durante seis meses,
voltando a recebê-lo só agora.
"Somos um partido pobre, que
faz campanhas modestas, nunca
houve nada de remessa ilegal de
dinheiro para cá", disse. "É necessário apurar, porque tem de haver
alguma explicação."
Ela convocou para hoje uma
reunião da executiva estadual, para decidir o afastamento de Adalberto da função de secretário de
organização do diretório.
Além de dirigente do PT cearense, Adalberto trabalhava desde
2001 como assessor parlamentar
do deputado estadual José Nobre
Guimarães, irmão do ex-presidente do PT José Genoino. Anteontem, Guimarães, que é líder
da bancada petista na Assembléia
Legislativa no Ceará, anunciou a
exoneração do funcionário.
Nobre Guimarães nega que soubesse que Adalberto estava em
São Paulo e que tenha alguma
idéia sobre a origem e o destino
do dinheiro. Guimarães estava na
capital paulista para participar da
reunião do Diretório Nacional do
PT, do qual deve se licenciar.
Sônia Braga disse que encontrou Adalberto na cantina do PT,
em Fortaleza, na quarta-feira, e
que ele havia dito que iria para casa, em Aracati (a 140 km de Fortaleza), sem mencionar nenhuma
viagem a São Paulo.
"Estou assombrada porque o
Adalberto sempre foi um companheiro íntegro", disse Braga.
Antes de trabalhar com Guimarães, Adalberto era professor da
rede municipal de Aracati. Ele
disputou uma vaga de vereador
em 2000, mas teve só 215 votos.
Quando foi preso, ele disse à PF
que era agricultor e que havia obtido o dinheiro com a venda de
sua produção de melões. Segundo
os próprios companheiros de partido, sua única atividade profissional era a política.
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