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Governo Lula já liberou R$ 5,6 mi ao MLST
Invasão da Câmara coincide com a demora na aprovação, pelo Incra, de um projeto que destinaria mais R$ 5,5 milhões à entidade
Em 2005, grupo assinou convênio de R$ 1,9 milhão com o governo federal
seis dias depois de invadir
o Ministério da Fazenda
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Lula já liberou
R$ 5,6 milhões ao MLST (Movimento de Libertação dos
Sem-Terra), responsável pela
invasão da Câmara na última
terça. Desde 2000, segundo o
portal Contas Abertas, o MLST
recebeu R$ 5,7 milhões do governo, sendo R$ 75 mil em
2000 (governo FHC), R$ 1,4
milhão em 2004, já na gestão
petista, R$ 3,2 milhões em
2005 e R$ 1 milhão em 2006.
No dia 14 de abril de 2005, o
MLST invadiu o prédio do Ministério da Fazenda, em Brasília, ficando seis horas no local.
No dia 20, houve a assinatura
de um um convênio com o governo de R$ 1,9 milhão dos
R$ 3,2 milhões liberados no
ano passado para o movimento.
O montante, segundo o portal, foi recebido por meio da
Anara (Associação Nacional de
Apoio à Reforma Agrária), braço jurídico usado pelo MLST.
Ontem, o senador Álvaro
Dias (PSDB-PR), que presidiu a
CPI da Terra, apresentou requerimento para que o Tribunal de Contas da União faça
uma auditoria nos convênios
da Anara com o governo.
Neste ano, uma greve de servidores do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e problemas na
prestação de contas de antigos
convênios têm impedido a
aprovação de um projeto de
R$ 5,5 milhões do MLST , segundo a Folha apurou.
A paralisia da papelada é
apontada como um dos motivos da invasão. A proposta, de
capacitação de trabalhadores
rurais, está em nome da Anara.
Convênios
No Incra, dos cinco convênios fechados com o MLST desde 2000, dois têm pendências
na prestação de contas, sujeitos
a serem apontados como desvio de finalidade pelos auditores. Um convênio de R$ 1,9 milhão (2005) e outro de R$ 2,2
milhões (2005/2006) constam
como "a comprovar" despesas.
Sem a aprovação desses gastos, no total de R$ 4,1 milhões,
não há como outro projeto ser
aprovado. "Esse negócio de
prestar contas é complicado",
disse ontem Aparecido Dias, da
coordenação nacional do
MLST. Segundo ele, o movimento ainda não foi notificado
pelo Incra sobre os problemas.
A maioria dos convênios fala
na capacitação de trabalhadores, o que, na prática, libera os
sem-terra a utilizarem o dinheiro público em projetos de
educação e até em reuniões, feiras e festas -incluindo aluguel
de ônibus e despesas com barracos e alimentação.
Anteontem, em entrevista, líderes do MLST disseram que a
manifestação na Câmara ocorreu com a ajuda de doações de
militantes e políticos regionais,
como vereadores e prefeitos.
Negaram, porém, o uso de dinheiro oriundo de partidos e do
governo federal.
Mesmo que venha a apresentar notas fiscais que comprovem os gastos de R$ 4,1 milhões, o MLST terá de esperar o
fim da greve do Incra. A paralisação já dura 40 dias. O projeto
de R$ 5,5 milhões tem de passar pela área técnica e pela procuradoria jurídica da autarquia,
para que seja ou não aprovado.
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