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ELIO GASPARI
O poder do monsenhor do Papa
Um conhecedor da política do Vaticano sugere:
O rumo do próximo pontificado poderá ser percebido pelo
destino que será dado ao bispo
Stanislaw Dziwisz, guardião do
acesso e da atenção de João Paulo 2�. Monsenhor Dziwisz trabalhou com Karol Wojtyla desde
1966. Foi nos seus braços que o
papa caiu após ser baleado na
praça São Pedro, em 1981, e foi
diante dele que morreu, num cenário onde não havia um único
religioso italiano.
Dziwisz teria ouvido as últimas palavras do papa agonizante. (Segundo alguns cardeais, João Paulo 2� não falava
desde a véspera.) O monsenhor
polonês foi um dos poderes do
Vaticano e tudo indica que sairia cardeal no próximo consistório, engavetado pela morte do
sumo pontífice.
Guardadas as proporções, nos
últimos tempos Dziwisz teve
dois precursores. Um foi o monsenhor Paul Marcinkus, o padre
americano que tinha a confiança de Paulo 6� (1963-1978). Chegava a funcionar como seu
guarda-costas e atracou-se com
um boliviano maluco que tentou esfaqueá-lo nas Filipinas,
em 1970. João Paulo 2� prestigiou-o, mantendo-o na direção
do banco do Vaticano.
Marcinkus repassou US$ 32
milhões ao movimento democrático polonês Solidariedade,
liderado por Lech Walesa, aquele que Lula chamou de "pelegão" no documentário "Entreatos".
O banqueiro do papa naufragou num escândalo onde misturaram-se máfia, maçonaria,
desfalques e mortes. Marcinkus
renunciou em 1990 e vive (calado) no Arizona. Sua alma impregnou o Vaticano da última
versão do "Poderoso Chefão" e
todas as lendas do assassinato
de João Paulo 1�.
Antes de Marcinkus, o Vaticano teve a poderosa madre Pasqualina, guardiã de Pio 12
(1939-1958). Era uma freira alemã e acompanhou o cardeal Pacelli desde o tempo em que ele
era núncio em Berlim. Foi sua
governanta e secretária. Era ela
quem protegia o papa dos germes (com desinfetantes) e dos
indesejados (fechando a porta).
Como Pacelli viveu os últimos
anos do seu pontificado entre
doenças, visões e isolamento,
madre Pasqualina ganhou o
apelido de "Papisa". Foi dispensada por João 23, o novo papa.
Dziwisz está muito mais para
Pasqualina do que para Marcinkus.
Eremildo confundiu-se com o AeroLula
Eremildo é um idiota.
Sempre defendeu a importação do AeroLula. Afinal, o
companheiro precisava de um
avião que tivesse autonomia de
8.400 km, suficiente para levá-lo de Brasília a Paris. Para quê,
o idiota nem quis saber. A exigência dessa autonomia tirou a
Embraer da parada e a empresa
foi compreensiva, pois anunciou que não pretendia fabricar
esse tipo de avião nos próximos
cinco anos.
O idiota achou razoável o preço de US$ 56,7 milhões. Afinal,
comprava-se um avião com 40
lugares. Esse era o número divulgado pelo governo.
Por mais que o idiota se esforce, não consegue explicar por
que numa viagem a Roma o
AeroLula fez escala no Recife.
Desse jeito, o ERJ-190 da Embraer, cujo lançamento foi presidido por Lula, daria conta do
recado. Afinal, a empresa é financiada pelo BNDES, emprega mão-de-obra nativa e seu
modelo teria custado US$ 30
milhões, pouco mais que a metade do que cobraram à Viúva
pelo Airbus.
O idiota percebeu a autonomia de sua ignorância quando
viu o que sucedeu aos 40 lugares
do avião do companheiro.
Transformaram-se em 16. Subtraindo-se cinco assentos, ocupados pela comitiva pessoal do
presidente, sobraram 11.
Em benefício da empresa que
fabricou o Airbus de Lula, o
avião pode transportar 55 pessoas. Se agora só cabe uma comitiva de 11 bípedes estranhos à
burocracia do Planalto, isso se
deve ao tipo de decoração que
os companheiros escolheram
para o AeroLula e ao tamanho
do séquito que gostam de ter
por perto.
Çábio do Mês
O Palácio do Planalto deveria
criar o prêmio Çábio do Mês. O
troféu de abril iria para o companheiro que teve a idéia de
anunciar que Lula levaria consigo para Roma os quatro cardeais brasileiros que participarão do conclave.
Não tiveram a cortesia de perguntar a cada um deles se aceitava o convite. Ofenderam os cardeais atribuindo-lhes uma opção preferencial pela mordomia
e menosprezaram a independência da igreja. Sabe-se que o
chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, convidou d. Geraldo Majella, arcebispo de Salvador e presidente da CNBB.
O presidente voou sem cardeal nenhum. Teve a companhia de Severino Cavalcanti, o
fundador da teologia da contratação.
FFFHHH
Já são umas dez as pessoas a
quem FFHH indicou que, se disputar a Presidência, não desejará a reeleição. Se o anel de Lula
for de vidro e se quebrar,
FFFHHH irá à luta. Do contrário, não irá na bola.
Fantasia urbana
Andrea Matarazzo, o subprefeito do centro de São Paulo,
vem listando cenas e personagens da vida da cidade que parecem ser uma coisa e muitas vezes são bem outra:
Um cidadão puxando uma
carroça carregada de papel velho é um carroceiro. Pode também ser o transportador de CDs,
vídeos e programas de computador pirateados.
Um hotel pequeno e sujo é um
ponto de descanso para quem
tem pouco dinheiro ou de encontros amorosos para o pessoal da região. É, sobretudo, um
ponto de entrega e distribuição
dos traficantes de drogas.
Outro dia um fiscal da prefeitura foi inspecionar um pequeno cabeleireiro. Entrou num
corredor e saiu num galpão de
400 metros quadrados, repleto
de muamba.
Presente
Aos 83 anos, Hélio Bicudo
colocou um ponto final no seu
livro de memórias. São cerca
de 300 páginas contando a vida
de um valente personagem da
vida brasileira na segunda metade do século 20.
Bicudo foi chefe-de-gabinete do ministro da Fazenda
(Carvalho Pinto) e não alterou
sua declaração de bens.
Procurador do Estado de
São Paulo, foi atrás das malfeitorias do delegado Sérgio
Fleury, grão-duque da repressão política da ditadura, e levou-o à cadeia.
Fundou o Partido dos Trabalhadores, foi vice-prefeito de
São Paulo e nunca fumou um
charuto Cohiba.
O livro sai na segunda metade do ano.
Tom Jucá
O Brasil tem Romero Jucá,
que garante empréstimo em
banco público com sete fazendas inexistentes, e tem Lula,
que o mantém no cargo de ministro da Previdência, logo da
Previdência.
Os americanos têm o líder
do governo na Câmara, Tom
DeLay, republicano, temente a
Deus e a Bush. Sua mulher e
sua filha já receberam meio
milhão de dólares do caixa um
da campanha do doutor. Caixa
um é aquele em que o dinheiro
tem origem e destino rigorosamente contabilizados.
Se a turma de Severino Cavalcanti e do ministro Jucá pudesse dar meio milhão de dólares a cada mulher de deputado,
não haveria nepotismo em
Brasília.
Erro
O leitor que assina suas
mensagens como Dontimp
Maruli, de 14 anos, corrige: para falar ao telefone pela internet por meio do programa
Skype não é necessário estar
conectado por banda larga. Linha discada serve. A ligação
perde qualidade, mas, mesmo
assim, vale a pena.
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