São Paulo, domingo, 10 de abril de 2005

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RUMO A 2006

Aliados de Alckmin querem aproveitar programa do PSDB para alavancar candidatura, mas enfrentam resistências

Vitrine na TV revela divisões entre tucanos

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os 60 minutos na televisão destinados ao PSDB estão causando alvoroço em ninho tucano. Enquanto os defensores da candidatura de Geraldo Alckmin pregam a superexposição do governador de São Paulo, outros propõem a pulverização do tempo entre potenciais candidatos à Presidência da República.
A partir de 30 de maio, vão ao ar 80 inserções de 30 segundos cada uma. Um programa de 20 minutos será exibido em cadeia nacional no dia 15 de junho. Seu formato já é objeto de discussão há pelo menos 15 dias. Os mais ferrenhos adeptos da candidatura Alckmin citam o exemplo do prefeito do Rio, Cesar Maia, estrela do programa do PFL, para alegar que o partido não pode perder a oportunidade de dar visibilidade nacional a Alckmin. Nas discussões, eles alertam para o risco de Maia decolar, consolidando-se como a alternativa de oposição.
"Não podemos desperdiçar essa chance. Não tem sentido. Veja o que aconteceu com o Cesar Maia", argumenta o líder do governo de São Paulo na Assembléia, Edson Aparecido.
Mais afinado com o prefeito de São Paulo, José Serra, o líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP), discorda. Para ele, ao menos quatro nomes devem ter destaque: Alckmin, Serra, o governador de Minas, Aécio Neves, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Só poderíamos ficar num nome se o partido tivesse definido um candidato."
Goldman minimiza o aumento da popularidade de Maia. "Até o prefeito de São João de Paudalho, se for bom comunicador, cresce com tanta exposição."
Embora tucanos com o ex-governador Dante Oliveira (MT) insistam -"Temos que centrar no Alckmin e ponto. Esse não é o momento do Aécio"-, o deputado Jutahy Magalhães (BA) afirma que esse não é o desejo do partido. "Naquele jantar [em 15 de março], o Aécio foi enfático ao dizer que não devemos decidir nada agora. Pergunte ao Aécio se ele concorda com isso [a concentração dos holofotes em Alckmin]. Pergunte ao Tasso, ao FHC."
Segundo tucanos, nem Alckmin tem reivindicado exclusividade no programa. Para não ser o único alvo do PT, sugere que ele e Aécio sejam os contemplados com espaço. O chefe da Casa Civil, Arnaldo Madeira, confirma. "Ainda estamos discutindo o modelo. Mas o caminho pode ser centrar o programa em Alckmin e Aécio."

Herança
Não é tão simples assim. Apesar de já ter avisado a interlocutores que pretende ficar na prefeitura até o fim do mandato, Serra incentiva sua exposição. Na quarta-feira, ao sair de um jantar com 40 deputados em Brasília, disse ao secretário-geral do partido, Bismarck Maia (CE), que vai procurá-lo para falar sobre o programa.
A intenção dele é mostrar o estado em que recebeu de Marta Suplicy (PT) a prefeitura. "Isso, sim, é herança maldita", diz Bismarck.
Apesar do intenso debate interno, só depois de uma ampla pesquisa de opinião o PSDB deverá traçar a linha de seu programa partidário. O partido contratou o instituto Olsen para a realização de uma pesquisa quantitativa, com 4.000 pessoas em todo o país. Outros 18 grupos participarão de uma pesquisa qualitativa.


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