|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DIPLOMACIA
Presidente começa hoje roteiro de visitas a cinco países do continente
Lula busca na África novos
aliados contra protecionismo
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em sua quarta visita à África
desde que assumiu o governo, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva buscará, a partir de hoje, ampliar o bloco de articulações do
G20 para que os países em desenvolvimento, liderados pelo Brasil,
tenham força para romper barreiras comerciais impostas pelas
economias mais avançadas, com
destaque para Estados Unidos e
União Européia.
O G20 é um grupo de países em
desenvolvimento, criado em
2003, que luta contra o protecionismo agrícola do Primeiro Mundo. Recentemente, ações movidas
pelo Brasil, sob o enfoque do G20
e com o apoio de países africanos,
conquistaram vitórias na OMC
(Organização Mundial do Comércio), como as contestações
aos subsídios concedidos pelos
EUA aos seus produtores de algodão e às barreiras impostas pela
União Européia contra a importação de frango congelado.
"Essa articulação permite melhores condições de os países do
sul [América do Sul e África] negociarem com o norte [EUA e Europa]", disse à Folha o embaixador Pedro Motta Pinto Coelho, diretor do Departamento da África
do Itamaraty.
A passagem por Camarões, Nigéria, Gana, Guiné-Bissau e Senegal também pode servir para o
país obter formalmente novos
apoios à reforma da ONU (Organização das Nações Unidas) e à
concessão de uma cadeira definitiva ao Brasil no Conselho de Segurança da entidade -principal
meta da política externa do país.
Lula e a comitiva presidencial
passarão por países em plena democratização. Alguns deles, dez
anos atrás, viviam em regime de
partido único, com ditaduras militares e civis. Hoje, porém, a exceção é Camarões, país governado
desde 1982 por Paul Biya.
A questão política local, porém,
é vista com cautela pelo Itamaraty. "Não trabalhamos com o objetivo de interferir na política interna dos países, mas apreciamos
que, nesse roteiro, a maior parte
dos países se consolida com presidentes que, inclusive, vêm da
oposição. O continente, visivelmente, está mais democrático",
disse o embaixador Pedro Motta.
O simbolismo das relações africanas com o país também será
tratado na viagem. No Senegal,
Lula visitará, na ilha de Gorée, o
local em que os escravos se concentravam antes de embarcar para o Brasil. E, em Gana, será firmado acordo para a restauração
da Casa Brasil, onde vivem os remanescente de escravos que atuaram em território brasileiro dois
séculos atrás.
Em todos os países, serão assinados acordos nas áreas de saúde
e educação. Na questão educacional, por exemplo, haverá um incentivo para que professores do
continente venham ao Brasil para
dar aulas de cultura africana.
Na programação da viagem, segundo o Itamaraty, não estão colocados eventuais perdões de dívidas dos países visitados. O
maior débito com o Brasil é o da
Nigéria -cerca de R$ 160 milhões (o valor aproximado do novo Airbus da Presidência).
Guiné-Bissau, de língua portuguesa e o mais pobre entre os cinco, tem uma dívida de R$ 24,5 milhões com o país.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Peregrinação: Presidente visita basílica de São Francisco Índice
|