São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ DINHEIRO SUSPEITO

Procuradoria conclui que dinheiro carregado por assessor petista preso em São Paulo era de propina

Oito são denunciados no caso da cueca

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O Ministério Público Federal no Ceará concluiu que o dinheiro transportado na cueca e em uma mala pelo ex-assessor petista José Adalberto Vieira da Silva era propina proveniente de um contrato de financiamento em investigação, de R$ 300 milhões, fechado entre o BNB (Banco do Nordeste) e o consórcio Alusa/STN (Sistema de Transmissão do Nordeste).
Com base nessa conclusão, os procuradores Márcio Andrade Torres e Alexandre Meireles Marques denunciaram, por suposta improbidade administrativa, o presidente do banco, Robert Smith, e outros quatro dirigentes da instituição. A ação tramita na 10� Vara Federal de Fortaleza.
Também foram denunciados o ex-assessor especial da presidência do BNB Kennedy Moura e o deputado estadual José Nobre Guimarães (PT), além do seu ex-auxiliar, flagrado em São Paulo no dia 8 de julho com US$ 100 mil na cueca e R$ 209 mil numa mala. Guimarães é irmão do ex-presidente do PT José Genoino.
Em nota, a Procuradoria diz que houve "omissão" do presidente do banco. Smith e os outros quatro dirigentes teriam "aprovado a operação [de empréstimo ao] STN, não obstante irregularidades apontadas pelo TCU".
Já o deputado e seu ex-assessor aparecem como supostos beneficiários do contrato. O parlamentar, que foi presidente do PT-CE por oito anos, seria o responsável pela indicação de Moura ao BNB. No cargo, ele teria intermediado o financiamento. O contrato entre a instituição e a Alusa/STN prevê a construção de uma linha de transmissão de energia elétrica entre Teresina e Fortaleza.
Por meio de nota, o BNB informou que só se pronunciará sobre o caso após conhecer o teor oficial da ação. O banco declara que sempre colaborou com as apurações e prestou as informações requisitadas, inclusive ao TCU.
Sobre o financiamento, o banco diz que "não há qualquer desvio" de verba e que os recursos "vêm sendo corretamente aplicados no empreendimento, estando a obra em fase de conclusão". A obra, diz, será inaugurada em janeiro.
Também em nota, a Alusa/STN repudiou "com veemência" as suspeitas da Procuradoria. "As empresas refutam a leviandade do procurador, que se utiliza de argumentos enganosos para tentar induzir a opinião pública a crer que houve irregularidade."
José Nobre Guimarães disse, por telefone, que a suspeita dos procuradores "é a coisa mais sem nexo do mundo". Moura e Adalberto Vieira não foram encontrados para comentar o caso.

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