São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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"MENSALÃO"/ RUMO A 2006

Pré-candidatos em São Paulo, Mercadante e Marta divergem quanto a apoio de Lula

Em clima de disputa, PT marca prévia para maio

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar das juras de delicadeza, a ex-prefeita Marta Suplicy e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), começaram ontem sua guerra pela preferência do partido para a disputa ao Governo de São Paulo no ano que vem. Num típico corpo-a-corpo no encontro estadual do PT, Marta vibrou ao ver derrotada a proposta do prefeito de Guarulhos, Elói Pietá, cabo eleitoral de Mercadante, para que não fosse fixada a data da prévia no PT. A escolha do candidato foi programada para 7 de maio.
Os dois também manifestaram opiniões bem diferentes sobre a possibilidade de ingerência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Enquanto Mercadante espera pelo patrocínio de Lula, Marta descarta a idéia de atender até a um apelo do presidente.
"Ele [Lula] já teve a oportunidade dele. E não fez", reagiu Marta ao responder se abriria mão a pedido de Lula: "Fui lá. Coloquei que estava me candidatando. Ele ouviu, deu palavras de estímulo e vai se manter na expectativa".
Marta repetiu que o presidente prometera "manter-se à distância". "No partido, não vai bem imposição. A gente já viu várias prévias quando ocorre. E o presidente, da mesma maneira que sabe que prévia pode virar uma coisa sangrenta, também sabe que é preciso ter respeito pelo partido".
Lembrando que "São Paulo vai ter papel decisivo na disputa nacional", o senador aposta na manifestação de Lula, porque "ele sempre opinou". "A opinião dele, tenho certeza, será considerada pelo respeito, prestígio e liderança que tem no partido".
Ontem, um dia depois de se lançarem à revelia de Lula, Marta e Mercadante trocaram farpas. Exaltando sua agenda de viagens pelo interior, Marta disse que para concorrer ao governo é preciso "conhecer muito bem o Estado. Não pode saber só de números".
Ainda que não se refira diretamente a Mercadante, Marta deixa seu recado: "Estar andando é superinteressante. Não faço só o discurso. Fico ouvindo. Estou aprendendo. Estou escutando".
Confrontado com as declarações, o senador disse ter percorrido o interior ao longo de mandatos e como candidato a vice de Lula em 1994. "Não vou para o interior só quando sou candidato. Estou sempre andando pelo interior." Mercadante lembrou ter visitado 250 cidades em 2004, para apoiar seus aliados na eleição. "Fiz [campanha] em São Paulo ativamente. Apoiei ela [Marta] com muito entusiasmo", disse ele, ressaltando sua participação na campanha da ex-prefeita.
Os dois dedicaram a manhã de domingo aos delegados do encontro estadual do partido. Marta e Mercadante posaram para fotos e conversaram com os militantes. Pela manhã, ainda sem a presença de Mercadante, Elói Pietá apresentou a proposta de só abrir o processo de prévia depois de esgotada a busca de uma candidatura de consenso.
Porém o presidente estadual do partido, Paulo Frateschi, insistiu para que fosse marcada, sendo 20 de março o prazo final para a inscrição de candidatura. Venceu a proposta de Frateschi.
"A proposta não foi bem debatida. Nós não nos articulamos direito", explicou o deputado estadual Vicente Cândido, ao lado de Mercadante. "Vai ter prévia", comentou Marta.
Segundo antecipou a Folha, Lula fez um apelo para os dirigentes do partido para que não houvesse prévia. Frateschi alegou que deveria marcá-la para evitar problemas no diretório. Mercadante diz não ter apoiado qualquer proposta na reunião.

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