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"MENSALÃO"/ RUMO A 2006
Pré-candidatos em São Paulo, Mercadante e Marta divergem quanto a apoio de Lula
Em clima de disputa, PT marca prévia para maio
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar das juras de delicadeza,
a ex-prefeita Marta Suplicy e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), começaram ontem sua guerra pela preferência do partido para a disputa
ao Governo de São Paulo no ano
que vem. Num típico corpo-a-corpo no encontro estadual do
PT, Marta vibrou ao ver derrotada a proposta do prefeito de Guarulhos, Elói Pietá, cabo eleitoral
de Mercadante, para que não fosse fixada a data da prévia no PT. A
escolha do candidato foi programada para 7 de maio.
Os dois também manifestaram
opiniões bem diferentes sobre a
possibilidade de ingerência do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Enquanto Mercadante espera
pelo patrocínio de Lula, Marta
descarta a idéia de atender até a
um apelo do presidente.
"Ele [Lula] já teve a oportunidade dele. E não fez", reagiu Marta
ao responder se abriria mão a pedido de Lula: "Fui lá. Coloquei
que estava me candidatando. Ele
ouviu, deu palavras de estímulo e
vai se manter na expectativa".
Marta repetiu que o presidente
prometera "manter-se à distância". "No partido, não vai bem
imposição. A gente já viu várias
prévias quando ocorre. E o presidente, da mesma maneira que sabe que prévia pode virar uma coisa sangrenta, também sabe que é
preciso ter respeito pelo partido".
Lembrando que "São Paulo vai
ter papel decisivo na disputa nacional", o senador aposta na manifestação de Lula, porque "ele
sempre opinou". "A opinião dele,
tenho certeza, será considerada
pelo respeito, prestígio e liderança
que tem no partido".
Ontem, um dia depois de se lançarem à revelia de Lula, Marta e
Mercadante trocaram farpas.
Exaltando sua agenda de viagens
pelo interior, Marta disse que para concorrer ao governo é preciso
"conhecer muito bem o Estado.
Não pode saber só de números".
Ainda que não se refira diretamente a Mercadante, Marta deixa
seu recado: "Estar andando é superinteressante. Não faço só o discurso. Fico ouvindo. Estou aprendendo. Estou escutando".
Confrontado com as declarações, o senador disse ter percorrido o interior ao longo de mandatos e como candidato a vice de Lula em 1994. "Não vou para o interior só quando sou candidato. Estou sempre andando pelo interior." Mercadante lembrou ter visitado 250 cidades em 2004, para
apoiar seus aliados na eleição.
"Fiz [campanha] em São Paulo
ativamente. Apoiei ela [Marta]
com muito entusiasmo", disse ele,
ressaltando sua participação na
campanha da ex-prefeita.
Os dois dedicaram a manhã de
domingo aos delegados do encontro estadual do partido. Marta
e Mercadante posaram para fotos
e conversaram com os militantes.
Pela manhã, ainda sem a presença
de Mercadante, Elói Pietá apresentou a proposta de só abrir o
processo de prévia depois de esgotada a busca de uma candidatura de consenso.
Porém o presidente estadual do
partido, Paulo Frateschi, insistiu
para que fosse marcada, sendo 20
de março o prazo final para a inscrição de candidatura. Venceu a
proposta de Frateschi.
"A proposta não foi bem debatida. Nós não nos articulamos direito", explicou o deputado estadual Vicente Cândido, ao lado de
Mercadante. "Vai ter prévia", comentou Marta.
Segundo antecipou a Folha, Lula fez um apelo para os dirigentes
do partido para que não houvesse
prévia. Frateschi alegou que deveria marcá-la para evitar problemas no diretório. Mercadante diz
não ter apoiado qualquer proposta na reunião.
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