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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ RUMO A 2006
Prefeito do Rio afirma que colega paulistano é "fortíssimo" para a sucessão de Lula e que só manteria candidatura se Alckmin sair pelo PSDB
Cesar Maia diz que desiste para apoiar Serra
JOSIAS DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
José Serra (PSDB), prefeito de
São Paulo, fechou um acordo com
o PFL para concorrer à Presidência da República em 2006. A aliança foi esboçada há uma semana,
em almoço de Serra com o prefeito do Rio, Cesar Maia. Candidato
oficial do PFL à Presidência, Maia
disse que abrirá mão de suas pretensões em favor do tucano.
Maia já comunicou sua decisão
à cúpula do PFL. "A sensação do
PFL é a de que o Serra é um candidato fortíssimo. Disse oficialmente ao partido: não seria candidato
contra o Serra em hipótese nenhuma", disse o prefeito do Rio.
A afinidade entre os dois é antiga. Conheceram-se nos tempos
de exílio no Chile, na década de
60. Serra chegou à capital Santiago em 64. Maia, em 68. "Ele me arrumou uma vaga na escola de
economia assim que cheguei."
Em suas manifestações públicas, Serra vem fazendo mistério
em torno de suas pretensões presidenciais. Com Maia, porém, foi
muito explícito. Disse estar seguro de que o PSDB o escolherá como candidato oficial à Presidência, em detrimento dos governadores Geraldo Alckmin (SP) e Aécio Neves (MG), os outros dois tucanos que postulam o direito de
disputar a sucessão de Lula.
Os três presidenciáveis tucanos
estiveram com Cesar Maia nos últimos dias. O assédio a este é compreensível. O PFL condiciona o fechamento da aliança com o PSDB
à retirada da candidatura do prefeito. Maia lançou-se candidato
em 2004, a pedido da direção do
partido, que desejava testar as
chances de um nome alternativo
nas sondagens eleitorais.
Estacionado nas pesquisas num
patamar inferior a 5%, Maia,
pragmático, abre caminho para
uma aliança com o PSDB. Para
ele, as chances de vitória com Serra são bem maiores do que com
Alckmin. "Acho que a candidatura do Alckmin é muito frágil. Ele
não participou de nenhuma campanha pesada. Não foi testado na
sua capacidade de resistência."
"A próxima campanha vai ser
violenta", prevê Maia. "O PT não
vai deixar passar. Vai bater forte.
O PSDB saiu salpicado nessas
CPIs. Uma coisa é um quadro testado como o Serra, que já foi candidato a presidente, candidato a
prefeito, outra coisa é o Alckmin."
"Receio que ele [Alckmin] apanhe na campanha e não resista."
Aécio, avalia Maia, pode disputar
a Presidência em eleições futuras.
Se o candidato do PSDB for
Alckmin, Maia planeja manter-se
no páreo. Acha que, num embate
com o governador paulista, tem
chances de chegar à frente. "Tenho tido em pesquisas em torno
de 5%, o Alckmin tem 13%. De
cinco para treze a diferença não é
grande. Se você tirar São Paulo
dele e tirar o Rio de mim, ele tem
cinco pontos e eu tenho quatro.
Estamos empatados fora de São
Paulo e fora do Rio. Com a candidatura do Serra, o PFL caminharia para se somar. O Serra era há
algum tempo personagem difícil
no PFL. Hoje não é mais."
"Alckmin", diz Maia, "está em
campanha há algum tempo. E não
sai do patamar de 13%, 14%.
Acompanhei bem a campanha da
Roseana [Sarney] em 2002. Na
hora em que a gente dava estímulo, havia resposta, mesmo que de
dois, de três pontos. O Alckmin
não tem respondido ao estímulo."
Josias de Souza escreve o blog "Nos Bastidores do Poder" no endereço www.folha.com.br/blogs/josiasdesouza
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