São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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Assessora de Delúbio vira peça-chave

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Funcionária do PT há oito anos e encarregada, no departamento financeiro, por "contas a pagar", Solange Pereira Oliveira, 35, transformou-se em testemunha-chave nas investigações do caixa dois do PT. A CPI dos Correios apura se foi ela a responsável, em maio passado, pelo depósito de R$ 1 milhão de origem ignorada na conta da Coteminas, empresa do vice-presidente da República, José Alencar.
Solange Oliveira esteve subordinada ao ex-tesoureiro Delúbio Soares até julho e, nessa condição, apareceu como responsável por três saques em dinheiro, no valor de R$ 100 mil cada, das contas do publicitário Marcos Valério de Souza no Banco Rural.
A funcionária do PT se recusa a dar entrevista. "Ela só vai falar à CPI", disse ontem o advogado Luiz Bueno de Aguiar, contratado pelo partido para defendê-la. Segundo Aguiar, sua cliente não chegou a ser formalmente intimada pela comissão e, por isso, faltou ao depoimento marcado para 16 de novembro.
Ela trabalha atualmente sob a chefia de Paulo Ferreira, tesoureiro nomeado pela nova direção petista. Ontem, Ferreira disse que ligou para a funcionária depois de tomar conhecimento do depósito não-contabilizado em favor da Coteminas, mas não a questionou sobre a eventual participação no episódio.
"Nós [o PT] confirmamos que a operação não está registrada na contabilidade oficial e, a partir desse fato, vamos averiguar o que aconteceu", afirmou o tesoureiro. "Vamos averiguar e ponto; sobre a origem do dinheiro, quem tem de responder é a direção anterior", disse Ferreira.
A Folha tentou localizar novamente Delúbio Soares ontem. A advogada Flávia Rahal, sócia de Arnaldo Malheiros na defesa do ex-tesoureiro petista, não respondeu aos recados. Na sexta-feira, por meio de Malheiros, Delúbio não esclareceu a origem do dinheiro, mas negou que ele viesse do caixa dois operado por Marcos Valério. O publicitário diz que o último repasse dos recursos do caixa dois que operou para o PT ocorreu em outubro de 2004 -ou seja, sete meses antes do depósito de R$ 1 milhão que favoreceu à Coteminas.
Em depoimento dado à Polícia Federal em agosto, Solange Oliveira afirmou que "nunca questionou Delúbio sobre a vultosa quantia em dinheiro vivo que não era contabilizada nos livros de registros devidos".
Antes do caso Coteminas, Solange havia sido convocada ao Congresso também para ajudar a esclarecer o pagamento, em dinheiro vivo, de uma dívida de R$ 29,4 mil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o PT.

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