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Assessora de Delúbio vira peça-chave
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Funcionária do PT há oito anos
e encarregada, no departamento
financeiro, por "contas a pagar",
Solange Pereira Oliveira, 35,
transformou-se em testemunha-chave nas investigações do caixa
dois do PT. A CPI dos Correios
apura se foi ela a responsável, em
maio passado, pelo depósito de
R$ 1 milhão de origem ignorada
na conta da Coteminas, empresa
do vice-presidente da República,
José Alencar.
Solange Oliveira esteve subordinada ao ex-tesoureiro Delúbio
Soares até julho e, nessa condição,
apareceu como responsável por
três saques em dinheiro, no valor
de R$ 100 mil cada, das contas do
publicitário Marcos Valério de
Souza no Banco Rural.
A funcionária do PT se recusa a
dar entrevista. "Ela só vai falar à
CPI", disse ontem o advogado
Luiz Bueno de Aguiar, contratado
pelo partido para defendê-la. Segundo Aguiar, sua cliente não
chegou a ser formalmente intimada pela comissão e, por isso, faltou ao depoimento marcado para
16 de novembro.
Ela trabalha atualmente sob a
chefia de Paulo Ferreira, tesoureiro nomeado pela nova direção petista. Ontem, Ferreira disse que ligou para a funcionária depois de
tomar conhecimento do depósito
não-contabilizado em favor da
Coteminas, mas não a questionou
sobre a eventual participação no
episódio.
"Nós [o PT] confirmamos que a
operação não está registrada na
contabilidade oficial e, a partir
desse fato, vamos averiguar o que
aconteceu", afirmou o tesoureiro.
"Vamos averiguar e ponto; sobre
a origem do dinheiro, quem tem
de responder é a direção anterior", disse Ferreira.
A Folha tentou localizar novamente Delúbio Soares ontem. A
advogada Flávia Rahal, sócia de
Arnaldo Malheiros na defesa do
ex-tesoureiro petista, não respondeu aos recados. Na sexta-feira,
por meio de Malheiros, Delúbio
não esclareceu a origem do dinheiro, mas negou que ele viesse
do caixa dois operado por Marcos
Valério. O publicitário diz que o
último repasse dos recursos do
caixa dois que operou para o PT
ocorreu em outubro de 2004
-ou seja, sete meses antes do depósito de R$ 1 milhão que favoreceu à Coteminas.
Em depoimento dado à Polícia
Federal em agosto, Solange Oliveira afirmou que "nunca questionou Delúbio sobre a vultosa
quantia em dinheiro vivo que não
era contabilizada nos livros de registros devidos".
Antes do caso Coteminas, Solange havia sido convocada ao
Congresso também para ajudar a
esclarecer o pagamento, em dinheiro vivo, de uma dívida de
R$ 29,4 mil do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva com o PT.
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