|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REFORMA MINISTERIAL
Amigo íntimo e líder na Câmara de ex-presidente, novo ministro ajudou a erguer "colloridos" Calheiros foi artífice da candidatura Collor
da Redação
O novo ministro da Justiça,
Renan Calheiros, foi um dos
principais artífices da candidatura de Fernando Collor de
Mello à Presidência e, mais tarde,
um dos responsáveis por sua queda, quando o acusou de ter conhecimento do esquema PC.
A história de "amor e ódio" entre
Calheiros e Collor começa quando
o primeiro era deputado estadual
de Alagoas eleito pelo PMDB (com
o apoio do PC do B, no qual militou) e o segundo era prefeito de
Maceió, nomeado em 79 pelo PDS.
Em 82, Renan Calheiros dizia
que Fernando Collor era um prefeito "sem cheiro de voto e de povo".
Referia-se ao futuro amigo como
"príncipe herdeiro da corrupção".
Alguns anos depois, os desafetos
se encontraram em Brasília, ambos deputados federais. Acabaram
tornando-se amigos.
Tanto que Calheiros abriu as
portas do PMDB para Collor
quando ele quis disputar o governo de Alagoas.
No PMDB, em 86, começou-se a
reunir o que mais tarde seria a
"República de Alagoas": o grupo
que articulou a candidatura de
Collor e depois ocupou os principais postos de seu governo.
Dividia-se em duas alas: de um
lado, Calheiros e Cleto Falcão; de
outro, o tesoureiro de campanha
de Collor desde 79, PC Farias, Geraldo Bulhões e João Lyra.
Pato Laqueado
Collor foi eleito governador e já
em dezembro de 87 o grupo começou a engendrar sua candidatura à
Presidência, num emblemático
jantar em Pequim.
Nesse jantar, no restaurante Pato Laqueado, Cleto Falcão anunciou a atônitos diplomatas chineses que estavam diante do "futuro
presidente do Brasil" -Collor.
Na ocasião, a comitiva "collorida" era composta por seis casais
próximos a Collor, entre eles Renan e Verônica Calheiros.
Em 88, a missão do grupo era
convencer a classe política da seriedade da campanha de Collor e,
ao mesmo tempo, torná-lo conhecido fora de Alagoas.
A Calheiros coube, primordialmente, a primeira parte. Líder do
recém-criado PRN na Câmara dos
Deputados, passou a destinar seu
mandato quase que exclusivamente à defesa de Fernando Collor.
No governo, ficou com a liderança na Câmara e a difícil tarefa
de articular a aprovação das medidas provisórias do Plano Collor.
Com esse histórico de fidelidade,
Calheiros considerava-se credenciado a ter o apoio de Collor na
disputa pelo governo de Alagoas,
em 90.
Mas Collor optou por uma neutralidade que foi interpretada por
Calheiros como apoio a Geraldo
Bulhões (PSC), que contava com o
apoio de Paulo César Farias (assassinado em Alagoas em 1996) e
Rosane.
Calheiros perdeu a eleição e
rompeu publicamente com Collor
em novembro.
Ostracismo
Amargou um longo ostracismo
e, em 92, voltou à cena quando depôs na CPI do caso PC, na Câmara.
No depoimento mais longo da comissão -oito horas-, disse que
Collor sabia do esquema de PC na
Presidência da República e acusou
outros assessores próximos ao
ex-presidente.
No dia seguinte ao depoimento
de Calheiros, Collor formulou a
frase que se tornaria um dos símbolos do impeachment: "Não me
deixem só".
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|