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MEMÓRIA
Ato inter-religioso no centro da cidade lembra os 30 anos do assassinato do jornalista; coral "abraça" a catedral
Canto e oração na Sé homenageiam Herzog
ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os 30 anos da morte do jornalista Vladimir Herzog, torturado e
morto nas dependências do DOI-Codi em outubro de 1975, pautaram neste ano o relançamento do
livro "Dossiê Herzog - Prisão,
Tortura e Morte no Brasil", de
Fernando Pacheco Jordão, a estréia do documentário "Vlado
-�30 Anos Depois", de João Batista
de Andrade, e agora uma exposição e uma programação especial
transmitida pela TV Cultura (leia
texto à direita).
No entanto, não há nada mais
representativo da dor gerado pelo
episódio do que o ato multirreligioso que ocorre hoje, a partir das
15h, na Catedral da Sé, reunindo
representantes de 20 credos.
Entre eles estão o arcebispo
dom Paulo Evaristo Arns e o rabino Henry Sobel, ambos participantes de um culto em memória
do jornalista celebrado há 30
anos, seis dias após a morte de
Herzog, também na Sé. A ocasião
acabou se transformando numa
das principais manifestações públicas contra a ditadura militar,
rendendo imagens contundentes
registradas no filme de João Batista de Andrade.
O ato inter-religioso deste domingo, cujo tema é "a paz e os direitos humanos", faz parte do
evento "Vlado - 30 Anos de Vida
Eterna", organizado pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo,
que desde o início do mês promove atividades culturais.
"A idéia é resgatar a memória
para que esses gestos de repressão
não aconteçam mais", afirma o
padre José Bizon, 50, um dos organizadores do ato ecumênico.
Coral
Além de reunir muçulmanos,
católicos, judeus, presbiterianos e
budistas, entre outros, a cerimônia na Catedral da Sé será palco de
outro grande encontro, protagonizado por cantores de corais do
mundo todo, que acompanham a
celebração sob a batuta do maestro Martinho Lutero.
Os participantes do Fórum Coral Mundial, que se reúnem pela
primeira vez em São Paulo, abrem
o evento às 15h, "abraçando" a catedral. Em seguida, os cerca de mil
cantores esperados para o evento
se posicionam nas laterais da igreja para interpretar um canto tradicional hebraico, em homenagem às origens judaicas de Herzog, além de uma canção do repertório dos índios da Amazônia
e outra de origem africana.
"É uma música de uma tribo do
Congo que nunca foi apresentada
em São Paulo", conta Lutero, 52.
O maestro, responsável pela criação do tradicional coral paulistano Luther King, que existe há 35
anos, é um dos articuladores do
fórum internacional.
"É uma reunião de pessoas que
cantam em coros no mundo todo,
e não um encontro de corais", explica Lutero. A primeira apresentação do Fórum Coral Mundial
foi em 1992, na Catedral de Milão,
na Itália, em uma missa em memória da guerra na ex-Iugoslávia.
No Brasil, os cantores marcaram presença na abertura do Fórum Social Mundial de 2002, em
Porto Alegre. "Esses encontros
são possíveis graças à internet",
diz Lutero. "No site, há acesso às
inscrições e às partituras. Qualquer um pode se inscrever."
Essa amplitude torna a regência
"complicadíssima". Segundo Lutero, são dez regentes atuando
-um ao centro e os outros repetindo os movimentos.
"O cantor de coro é o personagem que, depois dos membros da
igreja e de partidos políticos, é o
mais organizado do mundo",
acredita o maestro. Os participantes de corais que ainda não se inscreveram podem baixar as partituras no site www.forumcoral.
org. Elas também serão distribuídas durante o ato.
Ato inter-religioso em memória
do jornalista Vladimir Herzog
Quando: hoje, a partir das 15h
Onde: Catedral da Sé (pça. da Sé, s/n�,
centro)
Quanto: entrada franca
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