da Reportagem Local

Há algo de inusitado na escolha de sete partituras do compositor húngaro Bela Bartók (1881-1945) para montar o programa de uma récita de música de câmara.
É o que faz hoje, na série do Concertos do Meio-Dia da Hebraica/BankBoston, o Trio Images. O trio é formado pela violinista Cecília Guida, pelo violista Henrique Muller e pelo pianista Achille Picchi.
O trio colocou a ousadia e a inteligência acima do populismo fácil. Populismo que poderia consistir em reinterpretar peças do repertório amplamente conhecidas, mas deixando com isso de ampliar os horizontes musicais de seu público.
É um comportamento que vem dando certo no meio erudito paulistano. A Sinfônica do Estado de São Paulo programa Gyorgy Ligeti e Alfred Schnittke. A Orquestra Experimental de Repertório estréia ainda este mês uma tragédia lírica do francês Francis Poulenc (1899-1963), enquanto o Teatro Municipal poderá montar, no ano que vem, uma das óperas do dodecafônico Alban Berg.

Ousadia
O Trio Images já foi de certo modo ousado ao excursionar com um repertório brasileiro, em julho deste ano, pela República da Armênia, a convite da Associação Filarmônica daquele país. As quatro récitas em que se apresentou, em Dilijan e Tbilisi, trouxeram Villa-Lobos. Mas também incluíram os compositores Cláudio Santoro e Ernst Mahle.
Bartók é uma das possíveis portas de entrada para a música do século 20. Há uma busca obsessiva por conteúdos harmônicos populares, que são em seguida retrabalhados com delicadeza experimental em óperas, cantatas, concertos para piano ou violino, além de quartetos e sonatas.
(JOÃO BATISTA NATALI)


Concerto: Trio Images
Programa: Bela Bartók
Quando: hoje, às 12h
Onde: Teatro Arthur Rubinstein, no Clube A Hebraica (r. Hungria, 1.000, tel. 818-8888)
Quanto: entrada franca
Patrocínio: BankBoston


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