São Paulo, Segunda-feira, 20 de Dezembro de 1999


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ARTES
Coleção particular chega a 82 peças
Microfones raros ganham exposição

Divulgação
Alguns dos microfones raros expostos no Theatro São Pedro


DEMETRIUS CAESAR
free-lance para a Folha

A paixão de Clement Zular, 34, por microfones começou aos 8 anos, quando ele já era apaixonado por música. Foi nessa idade que ele ganhou a primeira peça de sua coleção, hoje exposta em seu estúdio de gravação.
Com o nome de "Do Anonimato para a Fama: Os Microfones Fazendo História", a exposição, com 82 exemplares no Theatro São Pedro, conta um pouca da história do rádio brasileiro.
Por esses aparelhos já passaram Geraldo Vandré, Caetano Veloso, Elis Regina, Giberto Gil e Rita Lee, quando esses artistas participaram dos antigos festivais promovidos pela TV Record. Foi um Shure 556s que estava naquele palco, enquanto muitas dessas estrelas brilhavam.
Os grandes artistas da Rádio Nacional cantaram em modelos Esse M2 e Sedan, muito usados nas décadas 40 e 50. O que pouca gente sabe é que são modelos genuinamente brasileiros.
O maior xodó de Clement Zular é um Neumann 47 Telefunken, alemão, que, segundo o colecionador, não há melhor para captar a voz humana. Trata-se daquele que fica dependurado no teto nos estúdios de gravação.
Entre as raridades, estão os produzidos durante a Primeira Guerra Mundial, em forma de gargantilha. Ficavam presos no pescoço dos soldados para evitar o barulho externo. A guerra produziu exemplares bem diferentes dos glamourosos microfones feitos para a música. Há peças utilizadas em submarinos, tanques de guerra e aviões de combate.
A alta tecnologia também poderá ser vista. O Soundfield MKV capta sons em todas as direções e permite a adequação necessária para diversos sistemas de gravação. Microfones como esse podem custar até R$ 20 mil.
Mas, segundo o organizador, o público se delicia mesmo é com os mais antigos, principalmente os enormes exemplares da década de 30, forjados em ferro por dentro e por fora.
Zular conseguiu montar sua coleção mesmo sem vasculhar antiquários ou visitar comerciantes de peças antigas. Segundo ele, a maioria dos objetos foi conseguida com pessoas que viveram o auge da era do rádio no Brasil. Cantores, dubladores e técnicos lhe passaram os microfones quando souberam da fascinação do engenheiro de som por esses aparelhos. O mais antigo é de 1910.
Clement Zular explica que não existe o melhor microfone, apenas o modelo certo para momentos específicos. Além da técnica, uma das qualidades desse aparelho precisa ser a versatilidade.


Exposição: Do Anonimato para a Fama: os Microfones Fazendo História
Quando: só até hoje, às 19h
Onde: Theatro São Pedro (r. Albuquerque Lins, 207, Santa Cecília, tel. 6281-8530)
Quanto: entrada franca


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