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O Boca de Ouro do Oficina
BETTY MILAN
especial para a Folha
Nelson Rodrigues será eternamente moderno e José Celso
Martinez Corrêa também. Nelson porque fez pouco da arte documental e propicia o luxo da
imaginação. José Celso porque
sabe revelar nas peças todas que
dirige o que é universal. Por
exemplo -exibindo o corpo dos
atores na hora do nascimento e
na morte-, ele nos lembra que o
homem vive e morre pelo corpo.
O nu, não por ser um exibicionista, mas porque ele é um recurso
de que a sua grande arte precisa.
O dramaturgo carioca e o nosso
diretor dramaturgo paulista são
dois artistas de igual tamanho
porque, para um e para outro, a
condição humana é inocente. Pode e deve ser mostrada em todas
as suas facetas.
O Boca de Ouro do teatro Oficina merece ser visto pela peça, pela direção e pelo trabalho de ator
de Marcelo Drummond, cujo desempenho é absolutamente convincente.
Marcelo nasceu no teatro no
Oficina e para ele. Mas só agora
está inteiramente em casa no palco desse teatro sem palco, cujo
espaço exige muito do ator. Em
qualquer lugar ele está bem, tem
a presença que a cena requer. Tão
bom vestido quanto nu. Sua voz,
que denotava uma certa insegurança, se tornou forte e persuasiva. A sua paixão pelo teatro ilumina o Boca de Outro que ele faz
e assim não será esquecido.
Betty Milan é escritora e psicanalista, autora de "O Papagaio e o Doutor" (Record), entre outros.
Peça: Boca de Ouro
Texto: Nelson Rodrigues
Direção: José Celso Martinez Corrêa
Com: grupo Uzyna Uzona
Quando: Qui. a sáb., 21h; dom., 18h
Onde: teatro Oficina (r. Jaceguai, 520,
Bela Vista, tel. 3106-2818)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (qui. e Apetesp)
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