S�o Paulo, quarta-feira, 8 de julho de 1998
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O iluminado

MATINAS SUZUKI JR.

O velho Lobo do foot, como se diz por aqui, Zagallo, dirige-se a cada um dos jogadores sentados na grama do est�dio V�lodrome, em Marselha, um lugar de m� mem�ria para o futebol brasileiro (ali, a sele��o havia jogado duas vezes, ali havia perdido duas vezes).
Zagallo fala pouco. Faz apenas um gesto com as m�os e quase sussurra: calma, calma.
Al�m do velho Lobo, mais dois jogadores estavam seguros com rela��o � cobran�a dos p�naltis que decidiriam um lugar, pela sexta vez, dos brasileiros em uma final de Copa do Mundo.
Por coincid�ncia, dois jogadores que estavam ontem quebrando o recorde de partidas com a camisa da sele��o brasileira.
Um deles era Dunga. O seu gesto de comemora��o, como em 94, � quase uma esp�cie de grito com uma sequ�ncia de golpes inspirados nas lutas marciais.
O outro era Taffarel, at� hoje, um iluminado -que dizer mais?- nas cobran�as de p�naltis. Parece que ele se especializou nesse ato quase suicida, o verdadeiro salto no escuro.
Ele parece realizar uma esp�cie de pacto em que � ele, e n�o o chutador, que determina para onde ir� a bola (no caso dele, poderia-se at� sugerir uma reescritura do livro que serviu de base para o filme de Wim Wenders: "O Medo do Chutador de P�nalti diante do Goleiro".
Sem ser o mais completo dos goleiros, Taffarel �, no entanto, completo na ci�ncia de praticar a mais dif�cil das defesas.
Os brasileiros jogaram nos 30 minutos de prorroga��o o que n�o jogaram nos 90 minutos de tempo normal de jogo. No tempo extra, Roberto Carlos teve cinco chances de definir o jogo.
No chamado tempo regulamentar, os brasileiros tiveram pouqu�ssimas chances de definir a partida. A que caiu nos p�s de Ronaldinho, ele transformou em um gol, que s� n�o levou os brasileiros � final antes porque Kluivert, finalmente, conseguiu aproveitar uma das in�meras "cagades" (palavra que eu juro que est� no livro oficial do servi�o de turismo de Marselha) da defesa brasileira e mandar o jogo para a prorroga��o.
A sele��o voltou outra para o tempo extra, voltou com vontade de decidir, vontade essa que ficou at� as cobran�as de p�naltis.

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