S�o Paulo, quinta-feira, 20 de fevereiro de 1997
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Deng Xiaoping morre aos 92 anos

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

O dirigente comunista Deng Xiaoping, 92, l�der das reformas pr�-capitalismo que transformaram a China numa das economias mais din�micas do planeta, morreu ontem em Pequim �s 21h08 (10h08 de Bras�lia).
Sua morte foi provocada por "consequ�ncias do mal de Parkinson e de infec��o pulmonar", segundo o comunicado oficial. Respons�vel pelas reformas econ�micas iniciadas em 1978, Deng, com sa�de debilitada, n�o aparecia em p�blico desde fevereiro de 1994.
N�o ocupava cargos oficiais desde 1990, mas mantinha influ�ncia como "patriarca" das mudan�as no pa�s mais populoso do planeta e organizou sua sucess�o ao indicar o atual presidente Jiang Zemin.
Um revolucion�rio ortodoxo na juventude, Deng Xiaoping criou a f�rmula que injeta capitalismo na economia, mas mant�m o monop�lio do poder nas m�os do Partido Comunista (PC).
O dirigente comunista cunhou frases como "enriquecer � glorioso" e, para explicar seu "pragmatismo econ�mico" e as reformas pr�-capitalismo, disse: "N�o importa se o gato � preto ou branco, o importante � que mate ratos".
Tamb�m foi ele o respons�vel pela formula��o do conceito "um pa�s, dois sistemas", que permitiu o acordo entre chineses e brit�nicos para a manuten��o do capitalismo em Hong Kong. Em 1� de julho deste ano, a col�nia ser� devolvida � administra��o de Pequim.
Rea��o do PC
A morte de Deng foi anunciada �s 2h44 de hoje (hora local). As r�dios come�aram a notici�-la por volta de 6h30, e as TVs, �s 7h.
Foi refor�ado o policiamento na regi�o onde fica casa de Deng, no centro de Pequim. O dirigente comunista morava perto da Cidade Proibida, a antiga resid�ncia dos imperadores chineses.
Horas depois do an�ncio, o PC pediu que o pa�s se una em torno de seu chefe, Jiang Zemin. "Devemos manter e salvaguardar a unidade do partido e nos unir mais conscientemente ao redor do Comit� Central, com o camarada Jiang Zemin no centro."
A morte de Deng ocorreu depois de insistentes rumores sobre a piora de sua sa�de. Reportagens sobre as condi��es do l�der chin�s provocavam quedas nas Bolsas de Valores da China, de Taiwan e de Hong Kong nos �ltimos dias. Os investidores temem eventual instabilidade no per�odo p�s-Deng.
O governo n�o divulgava informa��es sobre Deng e se limitava a dizer que ele "tinha boa sa�de para um homem de sua idade".
No fim-de-semana, o presidente Jiang Zemin e o premi� Li Peng suspenderam viagens pelo pa�s e voltaram com urg�ncia a Pequim para acompanhar a situa��o.
A China decretou luto oficial de seis dias. N�o haver� convidados estrangeiros no funeral de Deng, cuja data ainda n�o foi marcada.
Ao fazer o an�ncio, o Comit� para o Funeral, organizado pelo governo chin�s, disse que segue a "tradi��o nacional".
O comit� tem 459 integrantes e � encabe�ado pelo presidente Jiang Zemin. Fazem parte dele as principais lideran�as pol�ticas do pa�s, entre elas o ex-presidente Yang Shangkun, 89, e o ex-presidente do Parlamento Peng Zhen, 95.
Idade
O comunicado oficial da morte, divulgado pela ag�ncia estatal de not�cias "Xinhua", aponta 93 como a idade de Deng. Ele nasceu em 22 de agosto de 1904, mas os chineses contam mais um ano de vida depois do in�cio do Ano Novo Lunar, ocorrido no �ltimo dia 7.
Deng enfrentava as consequ�ncias de um estado avan�ado do mal de Parkinson com complica��es -como infec��o pulmonar- e morreu de insufici�ncia respirat�ria, ap�s interven��o de emerg�ncia, segundo o comunicado oficial.
M�dicos realizaram uma traqueotomia de emerg�ncia, na tentativa de salvar Deng, informou a ag�ncia de not�cias "Reuter".
O comunicado da "Xinhua" descreveu Deng como "um grande marxista, um grande revolucion�rio prolet�rio, um estrategista militar, um diplomata e combatente comunista, arquiteto-chefe das reformas socialistas da China, da abertura e da moderniza��o".
O PC se esfor�a para rejeitar a natureza capitalista das reformas, que incluem propriedade privada e abertura a investimento estrangeiro. Elas fizeram a economia chinesa crescer, entre 1979 e 1996, a uma m�dia anual de 9,5%.

LEIA EDITORIAL sobre a morte de Deng Xiaoping � p�g. 1-2
LEIA MAIS sobre Deng Xiaoping �s p�gs. 1-13 e 1-14

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