S�o Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 1997
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O que � a erva e como ela age

THALES DE MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL

No momento em que as m�sicas da banda Planet Hemp viram pol�mica nacional, o Folhateen conta um pouco da hist�ria da maconha e explica como o fumo feito com a planta mexe com a cabe�a das pessoas.
Ela � proibida em mais de cem pa�ses. Mas seus defensores destacam os benef�cios relaxantes, ressaltando que o �lcool e o tabaco podem ser mais prejudiciais a seus usu�rios. Confira abaixo.
A erva
Maconha, chamada em ingl�s de "hemp", � o nome popular de v�rias esp�cies do g�nero Cannabis. Dentre elas, a mais cultivada e utilizada � a Cannabis sativa, erva da fam�lia das mor�ceas, origin�ria da �sia. Quando algu�m fala em maconha, est� se referindo a essa esp�cie de Cannabis.

Origem
Na pr�-hist�ria j� se cultivavam plantas da esp�cie. Eram usadas em medicamentos, temperos e, principalmente, para tecer roupas de fibras resistentes -canvas. Pe�as grossas desse tecido foram usadas durante s�culos na confec��o de velas de navio. A planta tamb�m serve para fazer papel, e o �leo extra�do das sementes entra na composi��o de tintas e vernizes.

C�nhamo
� a fibra extra�da do caule da maconha. As utiliza��es industriais da planta est�o concentradas nessas fibras, que n�o t�m os elementos entorpecentes encontrados nas folhas e nos frutos.

Marijuana
O nome marijuana, difundido nos EUA e na Am�rica Latina, come�ou a ser usado nos anos 30, nos Estados americanos que fazem fronteira com o M�xico. Os soldados mexicanos fumavam a erva, receitada como analg�sico.

Outros nomes
Aliamba, bagulho, bengue, birra, c�nhamo, diamba, erva, fumo, ganja, haxixe, manga-rosa, massa, mato, pango, soruma, tabanagira.

Roupas
As roupas feitas de hemp s�o menos macias do que as de algod�o, mas muito mais dur�veis. Os defensores do meio ambiente destacam que a cultura do c�nhamo n�o usa pesticidas.

Reggae
Nos anos 70, a cultura jamaicana levou ao mundo a explos�o musical do reggae. �dolos como Bob Marley, Jimmy Cliff e Peter Tosh, seguidores da religi�o rastaf�ri, que prega o h�bito de fumar maconha, passaram a defender a libera��o da droga em todos os shows.

Sensibilidade
A sensibilidade de cada usu�rio influi muito nos efeitos da maconha. H� casos de pessoas que n�o sofrem nenhuma altera��o ao fumar. Outras conseguem chegar facilmente a um estado alucin�geno.

Malef�cios
O consumo regular da droga leva a um comprometimento da capacidade de mem�ria e racioc�nio, j� que a droga provoca a "quebra" de liga��es de neur�nios. Fumar a erva e dirigir, estudar ou executar qualquer tipo de atividade que exija concentra��o pode ser um desastre. O �lcool potencializa o efeito e aumenta os riscos.

Efeitos
A maconha relaxa, cria um estado adormecido da percep��o. Provoca uma sensa��o agrad�vel. Alguns dizem sentir tamb�m efeitos estimulantes. � um caso pouco frequente, mas pode ocorrer, principalmente se a droga for consumida num estado de excita��o sexual.
Esse tipo de rea��o � a origem da eterna discuss�o sobre a capacidade de a maconha fazer o homem broxar. Se j� estiver com ere��o, a maconha pode estimular a performance. Se consumida algum tempo antes das preliminares do sexo, o efeito mais comum � a apatia.

Depend�ncia
A depend�ncia f�sica da maconha n�o � considerada cientificamente comprovada pelos m�dicos. No entanto, o fator psicol�gico � muito forte, principalmente porque o usu�rio n�o apresenta deteriora��o f�sica. Os viciados em drogas mais pesadas sofrem danos f�sicos acentuados. O inc�modo acaba incentivando o viciado a largar a droga, aumentando a motiva��o psicol�gica dele. O que n�o acontece com a maconha, ela acaba facilitando a reca�da de quem quer abandonar a erva.

Fertilidade
Maconha n�o deixa o usu�rio est�ril, como � divulgado. Pode haver redu��o na contagem de espermatoz�ides, mas n�o implica a perda da fertilidade. Os espermatoz�ides produzidos s�o sadios e suficientes para engravidar a parceira.

Repress�o
As leis antidrogas ganharam for�a nos EUA no in�cio do s�culo. Imigrantes asi�ticos que trabalhavam em linhas de montagem costumavam consumir maconha e �pio para aliviar a rotina do trabalho repetitivo. Mas o medo de acidentes fez surgir leis estaduais proibindo o consumo. Nos anos 20 e 30, quando a Lei Seca proibiu a fabrica��o e venda de bebida alco�lica, a repress�o �s drogas aumentou.

Uso m�dicinal
O consumo de maconha pode ajudar um paciente a controlar os enj�os provocados por quimioterapia. Quem sofre de glaucoma pode diminuir os riscos de cegueira provocada pelo aumento na press�o ocular.

Consultoria: Jansen Oliveira Dutra (m�dico e coordenador da Cl�nica de Reabilita��o S�o Paulo); Mario Bertucci Gaill (diretor da Divis�o de Toxicologia da Funda��o Oswaldo Cruz); revista "High Times"; website "Cannabis.com"

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