S�o Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 1995
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Pa�s manipula escolha de novo Lama

TERESA POOLE
DO "THE INDEPENDENT", EM PEQUIM

O mosteiro de Jhokang, em Lhasa, estava iluminado pela TV chinesa como um set de filmagens. Autoridades do governo chin�s, vindas de Pequim, presidiram a "sele��o" dirigida da reencarna��o do Panchen Lama, a segunda figura mais sagrada do budismo tibetano, encenada sob o controle do Partido Comunista chin�s.
Monges cantavam enquanto Luo Gan, do Conselho de Estado (o gabinete chin�s), aplaudia o sorteio de um nome entre os colocados dentro de uma urna dourada, e a escolha de Gyaincain Norbu, 6, como "menino-alma".
A decis�o de orquestrar a identifica��o do novo menino Panchen Lama confirma as suspeitas de que o governo j� come�ou a implementar uma nova pol�tica de confronto com o Tibete.
Dezenas de monges foram presos desde maio, quando o l�der espiritual tibetano, o Dalai Lama, indicou outro garoto de 6 anos, Gedhun Choekyi Nyima, como a reencarna��o do Panchen Lama. Pequim o acusou de estar tentando dividir a "p�tria-m�e".
No ataque mais agressivo feito at� agora, a ag�ncia oficial de not�cias chinesa, "Xinhua", lan�ou ontem uma campanha difamat�ria contra Gedhun. Segundo a ag�ncia, seus pais "s�o conhecidos por vizinhos por atos de especula��o, mentira e busca de fama e lucro a qualquer pre�o" e mentiram quando disseram que Gedhun nasceu depois da morte do �ltimo Panchen Lama, em 1989. "Certa vez o pr�prio garoto afogou um cachorro, ato que constitui um crime hediondo aos olhos de Buda."
Acredita-se que Gedhun e seus pais estejam detidos em Pequim.
Ontem � noite o Dalai Lama, na �ndia, declarou ser "lastim�vel que o governo chin�s tenha optado por politizar a quest�o e indicar um Panchen Lama rival".
Os pronunciamentos semanais emitidos pelo PC, ateu, sobre como o Dalai Lama vem ignorando os procedimentos religiosos para identificar reencarna��es, v�m soando cada vez mais rid�culos.
Ontem, a realidade do controle chin�s sobre o Tibete estava � vista, nos sete minutos que o notici�rio da noite dedicou ao assunto.
Os representantes chineses, de sapatos e sentados em cadeiras, olhavam com desprezo para os monges sentados no ch�o, como que enfatizando seu desd�m pela cerim�nia. Seguran�as estavam � vista, em n�mero ainda maior do que c�meras e fot�grafos da TV.

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